O Samba e o Funk

Rio de Janeiro, 03 de Dezembro de 2019.

Pai,
ontem foi o dia nacional do Samba!
Parte da nossa cultura, que traz milhares de turista!

Mas assim como tudo que vem do povão, da população mais pobre, foi discriminado!
Li que sambistas eram presos na década de 40, apenas por estar “portando” um pandeiro!
As Rodas de Samba eram vistas como reunião de bandidos, assim como os Bailes Funks são vistos hoje. Mas só se forem no morro. Se forem em um clube da zona nobre ou em um condomínio de luxo, tudo bem.
Imagina se a polícia entraria atirando em uma festa de gente rica? Jamais!
Na véspera do Dia Nacional do Samba, 6 PMs invadiram um Baile Funk em Paraisópolis, uma favela de São Paulo, dizendo estarem atrás de dois bandidos, e assassinaram 9 jovens inocentes. Atiraram, jogaram bombas, perseguiram e espancaram pessoas desarmadas, que tentavam se proteger.
Mas este crime teve um mandante. O governador de SP já tinha avisado que “a partir de janeiro, a polícia vai atirar para matar!”.
Como se já não fizessem isso antes. Matavam portadores de furadeiras ou guarda chuvas.
A diferença é que os governantes pelo menos não incentivavam publicamente, este tipo de crime.
Pai, hoje as pessoas não tem mais vergonha de serem preconceituosas e incentivarem a violência.
Elas estariam incentivando a repressão contra artistas como Monarco, Cartola, ou o seu amigo Noca da Portela!
Estariam chamando eles de vagabundos e bandidos, como fazem com os funkeiros de hoje.
Sei que o Samba está de luto junto com o Funk.
O irmão mais velho, que começou a sofrer muito antes, o que seu irmão mais novo sofre.
O preconceito e o racismo contra artes populares está aí, firme e forte!
Até quando, pai?
Um beijo do seu filho,
Ivan

As opiniões expostas neste artigo não refletem necessariamente a opinião do Portal Vermelho
Autor