O Sentido Estratégico

O importante livro “Direito à Memória e à Verdade”, recém lançado pelo governo federal, editado pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República, registra o perfil dos mortos e desaparecidos durante o regime ditatorial em nosso pa

É valioso documento oficial que relata os anos de chumbo e a bravura dos que lutaram contra o arbítrio em nosso país, de 1964 a 1985. Mas, ao tratar dos que foram abatidos nos anos dramáticos, o tema amplia-se a todos aqueles que resistiram na clandestinidade ou semilegalidade, na tortura, aos exilados impedidos de retornarem à pátria, aos outros milhares que lutaram, das mais diversas formas, pela redemocratização do país.


 



Nesta terça-feira passada, tive a honra de, ao lado de outros companheiros e companheiras, em nossa paróquia, dizer algumas palavras sobre a importância da conquista da Anistia em nosso país, na inauguração de uma exposição sobre essa luta política do povo brasileiro. O período arbitrário foi tenebroso, cheio de sobressaltos, onde a coragem excedeu o medo.


 



A exposição, aberta com palestras, encontra-se no Memorial da República, em Maceió. Uma feliz iniciativa, porque o país lutava pela restauração do verdadeiro sistema republicano, esquartejado durante os vinte e um anos de arbítrio.


 



Talvez, vários jovens turistas que por ali passavam, não soubessem a dimensão da luta pela anistia, que estava ligada a mais duas bandeiras fundamentais para os brasileiros: liberdades políticas e a convocação de uma Assembléia Constituinte, livremente eleita, com a legalização dos partidos clandestinos.


 



Mas, através dos imponderáveis caminhos da História, milhões de brasileiros lançaram-se na campanha pelas Diretas Já, à presidência da República.


 



No entanto, o capítulo final, vitorioso à democracia, deu-se na eleição de Tancredo Neves, no Colégio Eleitoral, criatura gerada pelo regime, visando o seu continuísmo sem sobressaltos. Foi uma grande lição de amplitude, de lúcida tática política.
Diz Paulinho da Viola em uma das suas composições: “meu filho, quando pensar em seu futuro, não esqueça o seu passado”. A luta de um povo não é feita do presente contínuo mas de um árduo itinerário de lutas.


 



Olhando para a atual peleja contra os conservadores, não podemos esquecer os vários e históricos momentos pela afirmação nacional e social do Brasil. Sob o risco de perdermos o prumo do nosso sentido estratégico.

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