O vexame pode ser maior

Um mês após o final da copa e com a cabeça em outro evento: as eleições fazem com que a vergonha dos 7×1 da seleção brasileira pareça coisa do passado. A gravidade do problema só vem à tona quando observamos o campeonato brasileiro em curso, e é nítido que o problema do nosso futebol está na forma arcaica e ditatorial que alguns clubes, federações e a própria CBF, estão estruturadas.

Mesmo após o vexame e todas as pesquisas de opinião pública aclamarem por mudanças profundas o conservadorismo dos cartolas optaram pelo passado e trouxeram de volta Dunga. O brasileirão 2014 é outro exemplo da lastimável desorganização onde a média de público é inferior a do recém-criado campeonato de futebol nos Estados Unidos, em que o esporte ocupa o quarto lugar na preferência dos norte-americanos.

Com horários dependentes do final da novela, os jogos aqui começam 10 da noite durante a semana, terminando quase meia noite onde os transportes coletivos são escassos ou inexistentes em cidades como Salvador. Aqui em São Paulo recentemente após o público ter pago R$ 180,00 (cento e oitenta reais) por um ingresso na arena Corinthians ao retornar do jogo mais de meia noite a estação do metrô estava com as portas fechadas.

Os campos na periferia, celeiros de craques do passado, perdem cada vez mais terreno para especulação imobiliária e para escolinhas de futebol que viraram negócio lucrativo para quem pode pagar elitizando e embranquecendo o futebol, um dos raros espaços democráticos de ascensão econômica de negros e pobres das periferias do nosso país.

O resultado em breve será não só uma arquibancada, mas também um gramado elitizado e branco como no início do século passado, uma vez que do ponto de vista diretivo isso sempre foi realidade.

Se o esporte, que se tornou orgulho de ascensão e democratização e um dos retratos mais fiéis da alma brasileira, não passar por uma profunda reformulação, vexames maiores virão, não só no ponto de vista esportivo, mas também ético e moral.

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