Os Cavalheiros da Velha Ordem

Quem lê esta coluna conhece a minha posição desfavorável ao projeto neoliberal que reinou absoluto no Brasil durante os oito anos do presidente Fernando Henrique Cardoso.

Finda as suas duas gestões, restaram, no entanto, muitas seqüelas. Até porque apesar da crescente resistência dos povos contra a Nova Ordem Mundial, como doutrina e uma etapa sem meios termos do capital financeiro mundial, ela continua hegemônica.


 



Formou quadros na área econômica, constituiu outra nova espécie de profissionais, os técnicos que odeiam a relação entre a economia e a vida social. São reprodutores de resultados determinados por uma cartilha global.


 



As conseqüências desse período são tão intensas que mesmo um presidente que se proponha a orientar-se contra o liberalismo do segundo milênio, deparar-se-á com tais figuras sinistras nos altos escalões do seu próprio governo.



São facilmente reconhecidos pelos caros ternos importados, gel nos cabelos impecáveis, barbas escanhoadas que parecem definitivas, para toda a eternidade. Vários saem da máquina estatal e viram consultores de agências financeiras internacionais, freqüentando os programas da mídia especializada analisando as oscilações do ciclo infernal de um dinheiro que reproduz mais capital sem passar por nenhum tipo de investimento produtivo pelas nações, incluindo o Brasil.


 



É o capital parasitário. Alguns não são proprietários das incalculáveis fortunas que circulam pelo planeta em velocidade cibernética. São catadores dos restos do lixo milionário que sobram das transações, os patrões são quase invisíveis.  Formam um seleto grupo de aparentes ricos, porém originários dos estratos médios.


 



Uma casta diminuta, empurrando os pobres para o pântano e a classe média ao desespero. Detestam associar estatísticas com a vida concreta dos povos como o diabo corre da cruz. Números, números, é o lema deles. Os seus críticos são considerados arcaicos, dinossauros.


 


 
A desindustrialização das nações, violência urbana, fome, velhice incerta, juros estratosféricos, a má qualidade da saúde, educação, os investimentos sociais, coisa de desocupados. O que atinge quase todo o mundo. Abominam a frase do poeta: só tenho duas mãos e toda a consciência do mundo.


 


São os cavalheiros de uma pós-moderna época medievalista.

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