Otimização das ondas bouzanianas

Deixou-nos terça-feira última o insigne cientista e acadêmico cubano, Dr. Carlos N. Bouza-Herrera. Matemático e estatístico mundialmente destacado, consultor, editor e autor científico prolífico, versado em infinitésimos, inflexões e grandezas extremas, alguém poderia supor-lhe seríssimo, mas não lhe escapava o irônico da vida, mesmo alquinando.

O súbito vácuo que fez sentir não poderá ser sequer mitigado ainda. Vai diminuir, mas infelizmente será aos poucos, pelos movimentos ondulatórios de um legado que, não tendo feito caso da tendência quase irresistível de pairar ad aeternum sobre o lago da ciência, ousou – com suficiente peso – tocar-lhe a superfície.

Coordenador Geral da Rede Iberoamericana de Estudos Quantitativos Aplicados (RIDECA), entre outras, ele promoveu colaborações científicas internacionais e o desenvolvimento regional em quantas oportunidades e com tal qualidade que historiar suas influências diretas e menos remotas é, já hoje, um desafio cientométrico a seus bio-bibliógrafos.       

Matemático pela Universidad de La Habana (UH), onde também obteve mestrados em matemáticas e ciências, atingiu os graus de Magister e PhD pela University of Belgrado, sedimentando argucioso espólio acadêmico, sendo autor de mais de 250 capítulos, 200 papers, 30 livros e monografias. Sua contribuição à estatística teórica é inestimável.

Como editor e consultor do Current Index to Statistics e International Abstracts of Operations Research, ele influenciou gerações de pesquisadores mundialmente. Suas mais recentes contribuições pugnaram pela aceleração do desenvolvimento e integração dos povos ibero-americanos, via superação de problemas recidivos ou candentes, tais como com a saúde, desigualdade, pobreza, violência, meio ambiente, para tal expandindo, sempre que necessário, as fronteiras da investigação operacional e da otimização estocástica.  

Inescapável acorrer à metáfora das interferências construtivas, nos percalços da evolução. Quando tocou a superfície do lago, o fez como o rochedo caído do alto do pico Turquino.

Sua constante presença de espírito, humor adejante, humanismo insurreto, rigoroso; sua paixão pela educação, pesquisa e colaboração científica internacional inspiraram e seguirão sacudindo como uma espora socrática inúmeros estudantes, docentes e pesquisadores.

Salvador, Bahia, Brasil,
Villahermosa, Tabasco, México,
16 de dezembro de 2024.

Rilton Gonçalo Bonfim Primo, coordenador Executivo RIDECA/UFSB
Ricardo de Araújo Kalid, coordenador RIDECA/UFSB
José Félix García Rodríguez, coordenador RICEDA/UJAT

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