Outros sertões

É muito comum em todo o Brasil, observar o nordeste brasileiro sob o ângulo de um velho clichê que corresponde, atualmente, a uma visão sentimental, paternalista e ultrapassada de quem não acompanhou o processo de desenvolvimento nacional.
Assim como t

No entanto, muitos acadêmicos ainda teimam em querer identificar um nordeste arcaico, quase uma Sicília de “O Gattopardo” de Giuseppe Lampedusa. Mas o Nordeste não fugiu à regra e novas questões condicionam e determinam o futuro das antigas mazelas sociais.


 



São muitos os estudos econômicos e os ensaios sociais, demonstrando uma realidade que surgiu e mudou irreversivelmente a face dos Estados nordestinos, exigindo uma nova reflexão e uma outra intervenção política transformadora.


 


Intelectuais de grande competência científica, como Tânia Bacelar, produzem excelentes diagnósticos e apresentam soluções para esse novo cenário. Recentemente apareceu um ensaio de Roberto Cavalcanti de Albuquerque do Instituto Nacional de Altos Estudos sobre a perspectiva nordestina. 


 


Ele lembra que grandes ações em infra-estrutura, transporte e investimentos produtivos estão sendo executadas no Nordeste, elevando a competitividade sistêmica da região, além da condição atual de segundo mercado energético de uso residencial do país.
Há o bilionário Projeto São Francisco, em execução, de água para o semi-árido, e a ferrovia de escoamento da produção, Transnordestina, em dois grandes eixos, tendo como centro a cidade de Salgueiro, em Pernambuco.


 


Diversos pólos industriais de ponta em expansão, além dos programas federais de transferência de renda, como o Bolsa-família, atingindo 22,5 milhões de pessoas.
E é improvável que a crise global, configurada em 2008, inviabilize os investimentos já em curso. Persiste, no entanto, a desigualdade social e a ela incorpora-se a violência dos grandes centros urbanos.


 


Ao Nordeste litorâneo e atlântico, mais conhecido, encostado à zona da mata, o Nordeste gordo e oleoso de Gilberto Freyre, da indústria do açúcar, álcool combustível e do turismo crescente, acrescenta-se a intensa industrialização do semi-árido. Outros sertões, novas contradições e novos desafios.

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