Paradoxos eleitorais

As eleições deste ano geram uma razoável expectativa! Eleições assim mesmo, no plural, porque são várias. Eleição para prefeitos e outra para vereadores, eleição no primeiro e outra no segundo turno, que geralmente é outra eleição, com novas alianças e novos apoios, eleição em cidades com mais de 200 mil eleitores e capitais e outra nos rincões.

A expectativa se justifica por conta evidentemente das denúncias envolvendo a corrupção e os efeitos principalmente da operação Lava Jato, anabolizada a exaustão, pela mídia.

Ocorre que embora tenhamos um ambiente em que os eleitores tendem a buscar por mudanças, não existem muitas alternativas. Não há lideranças e nem partidos competitivos que não estejam aqui e acolá contaminados pelas denúncias e por “financiamentos” suspeitos. A “extrema” esquerda que não tem sofrido até o momento acusações, não tem mostrado força eleitoral, a exceção da cidade do RJ, para galvanizar os anseios populares.

Na verdade em cada uma, das diferentes eleições, ocorrerá repercussão diferente deste “fenômeno”, assim eu entendo.

Nas cidades menores, provavelmente, o debate nacionalizado sobre a corrupção tende a não surtir efeitos. Seja por conta das ausências de opções, seja ainda porque na maioria das pequenas cidades o povo tem outras prioridades. Onde as eleições forem municipalizadas o efeito da “operação lava jato” tenderá a ser menor ou quase inexistente.

O problema passa a ser nas cidades grandes, em especial, nas capitais. A polarização radical que se observa na política nacional onde esquerda e direita brandem, na prática, o mesmo discurso moralista, deverá ter uma razoável consequência nas eleições para prefeitos.

Em 2012 o PMDB elegeu o maior número de prefeitos. O PSDB ficou em segundo lugar e o PT em terceiro. Porém a diferença pró -PT, se deu em números de habitantes e em orçamentos administrados. Ou seja, o Partido dos Trabalhadores conquistou prefeitura das principais cidades do país. Só no estado de São Paulo elegeu na capital, Guarulhos, São Bernardo, Osasco, Santo André, Mauá e Baurú, só para ficar nestes exemplos. Todas cidades importantes.

Tudo leva a crer que tal circunstância penalize mais o PT do que os outros partidos envolvidos. Há um certo desencanto e até uma revolta detectada nas pesquisas que devem prejudicar sobremaneira este partido. Por contraditório que possa parecer a nacionalização ou federalização das eleições municipais devem ser ruins para os partidários de Lula e Dilma.

Para se ter uma ideia em São Paulo, o Prefeito Haddad, tem aprovação de apenas 22% dos paulistanos, enquanto paradoxalmente suas principais políticas tem aprovações que vão de 65% a 82%. O que deixa nítida a dificuldade que o PT enfrentará!

Isso, evidentemente, piora se considerarmos, que ao que tudo indica a tal “Lava Jato” continuar produzindo suas ações sempre com grande repercussão na mídia, que poderá aumentar a já altíssima rejeição.

A ausência de alternativas deverá ter como consequência mais visível o aumento do número de abstenções e votos brancos e nulos. Que nas eleições municipais são sempre maiores do que nas estaduais. Isso, paradoxalmente, também, tenderá a eleger vereadores com votações menores e assim reduzir ainda mais a já baixa qualidade das Câmaras Municipais que, no geral, são onde nascem os corruptos nacionais de amanhã.

Além deste impacto causado pelo tema corrupção, deverá também ter forte pressão a proibição do financiamento privado nessas eleições. Proíbe-se o financiamento de empresas e não se coloca nada no lugar. Medida que favorecerá sobremaneira os candidatos ricos, mais uma vez, e tornará, provavelmente, o recurso do “Caixa 2” universal.

Segundo as novas regras pessoas físicas podem doar até 10% de seu rendimento bruto do ano anterior. Mas com uma importante exceção: se a pessoa física for o próprio candidato, não há limite.

A tendência é proliferar pelo país afora candidatos ricos e empresários o que ampliará a desigualdade na disputa.

Enquanto isso parcela considerável da esquerda continua meio atônita. Sem produzir propostas e bandeiras que se contraponha a tais realidades, fica, em muitos casos agindo, como se nada houvesse mudado. Aí repetem as mesmas atitudes buscando resultados diferentes.
É complicado!!

As opiniões expostas neste artigo não refletem necessariamente a opinião do Portal Vermelho
Autor