Periferia, uma usina a todo vapor!

Buzo do Rio de Janeiro participa de seminário internacional de literatura.

Ha uma semana, durante o sarau da cooperifa, Ferréz anuncia que agora a periferia terá quadinhos, mais o DVD e dois livros estão chegando ai.

Edições Toró produz livros como vó faz bolinho de chuva. Um a um, cheio de carinho, feitos artesanalmente. E sai Alan da Rosa, Silvio, Dinha me cobra; “Já leu todo meu livro?”

– Calma! Ainda não li mas está na fila.

Esta sentindo esse cheiro bom de assado? Vem Do Gueto, é que esta no forno sendo preparado o livro do Ridson Mariano.

Panikinho pedagogo da periferia está com artigo na Carta Capital…Uaaaal!

Shetara está com o livro Geração X terminado, tive a oportunidade de ler em primeira mão, e sei que vai estremecer quando chegar.

Atire a primeira pedra… atire a segunda.. o garimpeiro Colecionador de Pedras Sergio Vaz denúncia; “Atravessaram no Sarau”

Atravesso a cidade com o Sergio, até Perus. É isso mesmo, foi com Sergio, não com Sandro Vaz, não. Apresentamos no Céu o livro Hip-Hop a Lápis.

– … Tenho 6 anos, to aprendendo a ler. E quero aprender lendo o livro Hip-Hop a Lápis.

Disse Renan contando o coração numa apresentação semelhante que fizemos em Salto de Pirapora.

Foram necessário um ano e meio para conseguir fazer lançamento do livro em minha cidade. Até em Caracas na Venezuela fizemos antes de Caracas em São Paulo. Mas conseguimos graças as guerreiras Fabiana e Lígia que ganharam merecido troféu do Mão Pra Bolo e Cia.

Fico abismado com a estrutura e grandiosidade do Céu. E do teatro que há dentro dele onde falamos para uma platéia de jovens estudantes, sobre literatura.

''Quem lê é uma pessoa melhor, quem lê enxerga melhor. O gari que lê, é melhor que o gari que não lê. Até para ser um bom canalha é necessário a leitura.'' Dispara Sérgio Vaz.

Eu digo: ''Isso aqui não é um livro. É um sonho que foi encardenado, e encapado. Digo sonho poque estamos contrariando as estatísticas daqueles que diziam que a periferia não se interessa por ler. Que esse livro não teria futuro… A pouco tempo eu na condição de estudante, muito briguei para termos uma escola parecida com isso aqui. E agora vejo com meus próprios olhos coisas que parece sonho. Na periferia de São Paulo, um Centro Unificado de Educação, com 3 piscina, biblioteca, ginásio, um teatro moderno e equipado como esse. É fácil de entender porque quem criou uma coisa dessas perde o poder.''

Foi um lançamento de 15 minutos, a queima roupa. Saímos de lá em direção a FLIP – Festa Literária Internacional de Paraty. Na mochila além de livros é claro. Uma bandeira branca, feita em regime de urgência pelo graffiteiro Dingos, escrita em letras vermelhas FLIP – Feira Literária Internacional da Periferia.

Para reforçar o time, além d´eu e Sergio Vaz nos acompanham Edu do Jornal O tamboanense (www.otaboanense.com.br)  e Mariana Pires do site Hip-Hop de Fato (www.hiphopdefato.com.br) que me pergunta o que estou lendo. Nem tenho tempo de responder que são todos esses títulos que citei anteriormente.

Em resumo e grossamente falando a FLIP é uma festa para 20 grandes escritores do mundo. O vigésimo primeiro é tão marginal quanto eu, ou qualquer outro. Então pra variar, somos maioria. Estendemos a bandeira, espusemos os livros e armamos um sarau, em plena praça de Paraty, que junta umas 150 pessoas.

Uma mulher me chama e diz, tenho uns cordéis aqui é meio periférico também, posso expor…
– É claro que pode! Aqui é tudo nosso!

A dificuldade passa a ser encerrar o sarau com tantos que chegam com poemas para recitar. Deu azar um argentino com uma chapéu de estrela, que justo na sua vez gritaram:
– Vamos tirar a foto…

Também não sei como encerrar esse texto. São inúmeros os exemplos da evolução na periferia. Como diz o Kênia:
– Que progresso!

Elizandra esta estudando jornalismo no Mackenzie, com bolsa do Prouni. Nina Rodrigues e Paulo Shetara também estão na universidade.

MV Bill na capa da revista Raça. Hood e Ben Jor na cpaa da Rap Brasil.

Aliado G do Face da Morte na propaganda eleitoral reivindica mais escolas menos febem.

Zé Brown do Face do Subúrbio revela dia 26 novos talentos no Alto José do Pinho.

A memória de Tu Pac é saudada, com evento com a participação de seu irmão Mopreme Shakur e Racionais Mc´s .

A casa de hip-hop de diadema festeja seu 7º aniversário, se tornando Ponto de Cultura.

Novo CD de RPW, Wesley Noog, da Negra Lí , Função RHK, do T.$. Gueto…

Estréia clip novo do Viela 17, do Bill, do Oráculo.

KLJ da início a 10ª edição do hip-hop DJ…

… poderia citar exemplos mil, de que a periferia é uma grande usína de produção cultural. Deixo somente esses exemplos porque não tenho total dimensão do tamanho e da intencidade dessa produção. E se não menciono alguem é muito mais por ignorância do que por retalhação.

Sou convidado para assumir a curadoria do sarau Ritmo & Poesia no espaço cultural CPFL. E em duas atividades já protagonizamos cenas memoráveis como da Nicole do Inquerito ao piano.

Max BO, também coordena a vitrine hip-hop na Galeria Ólido. Thayde foi curador do Skol hip-hop. E ainda falta termos curadores no MASP, no MAM, na Casa das Rosas, no Memorial da América Latina…

Podemos ver cada um desses personagens que acabo de citar como um inimigo, um concorrente. Mas eu só consigo ver cada um desses exemplos como mais um elo, mais uma batalha ganha, e assim vamos ocupando todos os espaços…

Dessa forma, cada vez estamos mais próximos de tornar real, a sentença:

É tudo nosso!

Obs. Antes de publicar esse artigo, recebi Geração Tubaína de Sérgio Vaz. O filho da mãe parece que já sabia o que eu ia escrever… É que tamu junto e misturado! Para ver como a sintonia ta a mil, acessem Geração Tubaína (clique para acessar)