Por que o capitalismo fracassou no combate ao coronavírus?

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A pergunta é incômoda, mas absolutamente necessária diante da constatação de que os países capitalistas “clássicos” (Estados Unidos da América, a maioria dos europeus e o próprio Brasil atual) fracassaram no combate à pandemia do coronavírus, enquanto os países que já iniciaram o projeto de construção do socialismo ou de governos democráticos populares (China, Cuba, Coreia, Vietnam, Venezuela) apresentam resultados consideravelmente menos dramático.

E o incômodo tem razão de ser. Afinal, os adoradores do “deus mercado” ou quem se diz defensor desse sistema mesmo sem possuir capital – pressuposto básico para alguém ser “capitalista” – certamente terão muita dificuldade para explicar como eles fracassaram de forma tão grosseira diante dessa pandemia enquanto os países do chamado campo socialista vem conseguindo evitar uma tragédia e salvar vidas.

Atualmente, no mundo, há em torno de 16 milhões de infectados e 645 mil mortos por coronavírus. Nada menos que 42% desses casos e 37% das mortes ocorreram nos Estados Unidos da América (EUA) e no Brasil. Os EUA respondem por 4,1 milhões (26%) de casos e 146 mil mortes (23%) e o Brasil por algo como 2,5 milhões de casos (16%) e 90 mil mortes (14%). É uma tragédia e um vexame para a gestão desses países.

Por outro lado, países como a China, o mais populoso do mundo, tem conseguido conter a explosão dos casos e de mortes no seu território. Dados de 28/07/2020 indicam 84 mil contaminados e 4.630 mortes, respectivamente 0,5 e 0,7% em relação aos totais mundiais. Embora não se possa comemorar esses números reduzidos, porque uma simples morte é uma tragédia e não uma mera estatística como os capitalistas tratam a vida humana, é confortável saber que nem todos os governos do mundo tratam seu povo como mera estatística descartável que, quando questionados sobre o risco de morte da população respondem com um debochado “e daí”, como usualmente faz o ainda presidente Jair Bolsonaro.

Como se reduz o impacto da pandemia do coronavírus?

Em primeiro lugar tendo claro que do ponto de vista da ciência, do materialismo histórico, não há ação natural ou social que não provoque impacto, na medida em que todos os fenômenos estão interligados, interconectados e interdependentes.

Mas o alcance desse impacto pode ser amplificado ou reduzido, especialmente em situação de pandemia como a que estamos vivenciando, a depender do tipo de governo e concepção de estado predominante. Ou seja, esses fenômenos têm relação direta com o tipo de sociedade e de governo em cada país.

Assim, fazer isolamento social, dispor de alimentação calórica apropriada, rede de saúde estruturada, condições sanitárias adequadas e uma gestão unificada em bases científicas são pressupostos essenciais para enfrentar qualquer problema, os quais assumem caráter indispensável em se tratando de crises pandêmicas como a do coronavírus.

Isso é um tanto quanto pacífico, até mesmo para negacionistas de plantão. O problema é que a maior parte da população não dispõem de condições para adotar essas medidas, evidenciando que, individualmente, não podem enfrentar esse problema, na medida em que alguns desses problemas são de natureza estrutural e dependem de políticas públicas e não de mero desejo ou empenho pessoal.

Numa sociedade capitalista a lógica é a concentração de rendas. É o que explica porque nos Estados Unidos da América (2º país mais rico do mundo) há mais de 30 milhões de miseráveis e quem não dispuser de seguro social vai morrer como indigente porque não há rede pública de saúde para atender a população. E, pela mesma lógica, no Brasil (entre os 10 mais ricos do mundo) 100 milhões de pessoas buscaram o seguro de emergência, não dispõem da ração calórica básica, convivem com esgoto a céu aberto e acabam de descobrir que o SUS – nosso sistema de saúde pública – perdeu 35 mil leitos de 2011 até o presente. Sua capacidade foi reduzida de 337 para 302 mil leitos. O golpe foi dado para isso: aprofundar a concentração de rendas e retirar direitos do povo.

Essa profunda assimetria social, inclusive entre regiões é o que explica porque o capitalismo fracassou no combate a pandemia e porque não consegue achar uma saída para a sua crise sistêmica, razão pela qual tenta sobreviver a base de chantagem e terror.

É profundamente lamentável que somente diante de uma tragédia dessas proporções uma boa parte da população tome consciência de que é preciso começar a discutir saídas de fatos estratégicas, capaz de fazer com que uma nação espetacular como o Brasil passe, enfim, a jogar o papel nacional e internacional que a sua realidade proporciona.

As opiniões expostas neste artigo não refletem necessariamente a opinião do Portal Vermelho
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