Recuo e resistência dos operários

No governo de Getúlio Vargas, é criado o Ministério dos Negócios do Trabalho, da Indústria e do Comércio; à frente, Lindolfo Collor. O decreto-lei 19.770, de 1931, proíbe dirigentes estrangeiros nas diretorias dos sindicatos, o uso dos próprios recursos na manutenção de greves, e trabalhos políticos e ideológicos. Para funcionar, a legalização no novo ministério. Surgem os sindicatos ministeriais com pelegos nas direções.

Joaquim Pimenta, advogado com liderança no meio sindical, adere a nova ordem. Não evita, todavia, dissídios, marchas, paralisações e comícios; em decorrência da alta do custo de vida com a crise econômica. Vive-se o rescaldo da Grande Depressão.

O interventor em Pernambuco é Carlos de Lima Cavalcanti, usineiro. Duas associações operárias comandam as marchas – Sindicato dos Transviários e o Sindicato dos Estivadores; este último é visto como a resistência da orla marítima, porquanto mobiliza profissionais de outros setores.

Há prisões. Cristiano Cordeiro, militante do PCB, é preso. Na ilegalidade, o Partido Comunista do Brasil participa das eleições à Assembleia Constituinte na chapa Trabalhador ocupa teu posto. Cordeiro candidata-se e obtém significativa votação; não é eleito porque muitas urnas são impugnadas sob argumentos falaciosos. Em 1933. Dois anos depois, é eleito vereador pela mesma chapa; toma posse em 15 de agosto de 1936, mas é preso com o advento do Estado Novo. Daquele ano a 1945, o 1º de maio é celebrado em ambientes fechados. O interventor no estado é Agamenon Magalhães, que difunde a paz social.

Surgem a Carta del Lavoro, o imposto sindical compulsório, o salário mínimo, a unicidade sindical, o atestado ideológico para a admissão ao trabalho. O corolário é a Consolidação das Leis do Trabalho, acostando os sindicatos ao Estado. É 1 de maio de 1943.

A decretação da anistia vem logo após a Segunda Guerra. Presos são soltos, inclusive os comunistas. Com a legalização dos partidos, o Partido Trabalhista Brasileiro é criado com a cooptação de dirigentes burocratas; o propósito é afastar a influência dos comunistas.

O governo Vargas edita o decreto-lei 7.666, em junho de 45, vetando a presença dos trustes no Brasil. Obtém o apoio do PCB na campanha Queremos Getúlio com Constituinte – Movimento Queremista. Vargas é deposto em agosto do mesmo ano. O primeiro ato de seu substituto, José Linhares, presidente do Supremo Tribunal Federal, é revogar a lei antitruste.

O PCB elegera quinze deputados federais, dos quais três por Pernambuco – Alcedo de Morais Coutinho, Agostinho Dias de Oliveira e Gregório Bezerra. À Assembleia do estado, nove comunistas se elegeram; e à Câmara Municipal, onze vereadores são da legenda vermelha. Mas, no governo do general Eurico Dutra, 400 sindicatos sofrem intervenção, o PCB é posto na ilegalidade, mandatos são cassados, jornais são empastelados, prisões,

Getúlio Vargas elege-se em 1951. Há no país 1.800.000 trabalhadores. O movimento operário retoma o fôlego. O salário mínimo tem aumento de 100%. É criado o PUA – Pacto de Unidade e Ação -, com portuários, marítimos e ferroviários. As empresas estatais ganham força com a restrição a 10% da remessa de lucros para o exterior. A Petrobras, enfim, é objeto de orgulho nacional. Por fim, o governo se recusa a enviar tropas brasileiras à Guerra da Coreia.

Cresce a animosidade dos Estados Unidos com os rumos do Brasil. Abrigando-se na UDN, o jornalista e deputado Carlos Lacerda move campanha contra Vargas; tem o apoio da imprensa e de segmentos militares. Getúlio Vargas se suicida em 24 de agosto de 1954. Há protestos, ataques a sedes da UDN, a jornais anti-Vargas, a bancos norte-americanos. Café Filho, o vice, assume e logo se cerca de udenistas.

Em curso, nova conspiração para impedir a posse de Juscelino Kubitschek, do PSD, e de João Goulart, herdeiro de Vargas. O general Teixeira Lott encabeça o Golpe de 11 de novembro, assegurando a posse de JK e de Jango.

No mesmo período, Pelópidas Silveira, do PSB, elege-se prefeito do Recife pela Frente do Recife.

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