Silepse

 .

Enquanto alguns assuntos
não entram pela janela,
bato com o pano na poeira dos móveis,
anuncio ao cão de guada com carinho,
a boa e remota saudade de meus cacos,
todos fardados em caixas de sapatos
distantes…
Nas fotografias, mesmo descoloridas,
os olhos daquela infância
continuamos em mira longínqua
e desvendamos a alegria de um caco de vidro
com ares de diamante.
É tão fácil garimpar nos quintais
quando encontramos criança…
Meu nome reboa da tela da rua
e me devolve à quarta-feira sem escândalos,
sem poeiras e com pequenos ferrolhos.

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