Um homem sem palavra quer governar São Paulo
Serra foi entrevistado, no último dia 16, no programa SPTV. O programa está disponível no portal da rede Globo. O jornalista perguntou por que ele não honrou o compromisso assumido com o povo paulistano de que não se afastaria da Prefeitura de São Paul
Publicado 19/08/2006 18:40
Quanto aos motivos de não ter cumprido o compromisso assumido, Serra minimizou e racionalizou o assunto com a saída simplista de que as circunstâncias mudaram. Disse que em um ano de mandato ele equilibrou a Prefeitura que estava uma bagunça. E justificou-se com o argumento de que, uma vez eleito governador, ele poderá fazer muito mais pela cidade.
Esse compromisso no cenário da disputa de 2004 não era uma questão qualquer para o eleitor definir o voto. A eleição foi disputada a ferro e fogo por Serra e Marta Suplicy. Era muito importante para o eleitor saber se o candidato escolhido por ele de fato iria governar a cidade por quatro anos. Ou, se um ano depois, o eleito ou eleita poderia deixar a prefeitura para ser candidato a outro posto. De ante mão, sabia-se que Serra e Marta tinham potencial para disputar o governo do Estado ou mesmo a Presidência da República. A questão, portanto não era irrelevante. Ao contrário, era um quesito decisivo para o eleitor decidir o voto.
E Serra deu a palavra. Disse em alto e bom som que uma vez eleito exerceria o mandato por quatro anos. E o povo que votou em Serra acreditou na palavra dele.
E quem acreditou, acreditou não por ser bobo. Serra foi à TV. Apresentou sua biografia. Apresentou-se como pai de família. Exilado político e profissional honrado. Nessa condição, assumiu o compromisso com o povo. Quem votou nele o fez dando crédito às suas palavras.
Os tucanos se apresentam como se fossem os maiorais da moral e da ética. Pois, bem. O povo brasileiro tem ética. E para o povo, um homem que tem moral, honra a palavra dada. Se for homem de palavra, não precisa escrever, não precisa registrar em cartório. Basta a palavra.
Há os corruptos que roubam o dinheiro e o patrimônio público. Eles precisam ser punidos pela Lei e pelas urnas. E há também os que traem a confiança do povo. Dão a palavra, mas não a honram.
Um homem sem palavra quer governar São Paulo. Os que assaltam os cofres públicos podem ser punidos pela Lei e pelas urnas. Os que não honram a palavra, os que roubam a confiança dos eleitores, não são punidos pela Lei. Só as urnas podem dar a lição e o troco que merecem.