Debates desnudaram credo neoliberal de Alckmin

A última semana do segundo turno das eleições presidenciais é aberta com o favoritismo da campanha de reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Este fato leva a oposição conservadora e seu sistema poderoso de mídia a procurar desqualificar a candidatura Lula, da coligação PT/PCdoB/PRB e do campo democrático-popular. Com a derrota, a cada dia mais provável, a direita com a maior desfaçatez faz circular que depois do segundo turno virá o ''terceiro turno''. ''Terceiro turno”''é uma excrescência que só existe no dicionário dos golpistas. O próprio candidato Alckmin, logo após a divulgação da última pesquisa Datafolha, ameaçou dizendo que ''se Lula for reeleito, o governo acaba antes de começar.''


 


Outras vozes se esforçam neste sentido, como o jornalista ''togado'' Clovis Rossi, da Folha de S.Paulo, que na sua coluna emite uma sentença e coloca sub judice antecipadamente a eleição de Lula. Já Tasso Jereissati, em entrevista ao jornal O Globo, adianta que nos próximos debates da TV ''não vão ser debates que pretendemos ganhar argumentos, mas só trazer à tona verdades''. O atual prefeito da cidade do Rio de Janeiro, Cezar Maia, já jogou a toalha em seu ex-blog, proclamando que a derrota previsível de Alckmin pode acontecer em função do comando político alckmista não ter dado ''xeque-mate'' a Lula no devido tempo, preferindo ''sangrar'' o presidente. Este, na versão crítica do prefeito/marqueteiro, soube reagir à violência de Alckmin à altura, com um discurso ''populista''.


 


Os brasileiros não se deixarão enganar, nem pela demagogia de tipo udenista/golpista dos dirigentes políticos alinhados com a candidatura Geraldo Alckmin, nem pela linguagem pretensamente avançada dos que pregam o voto nulo nestas eleições em segundo turno para a Presidência da República. Aliás, em conseqüência da nítida polarização entre possibilidade de avanço e retrocesso, os pregadores ''ilustres'' do voto nulo se reduziram a pouco mais de meia dúzia, se tanto.


 


Ao contrário, a grande maioria do povo – atestada pela tendência dos índices de intenção de voto registrados nas últimas pesquisas Datafolha e Ibope – votarão contra o candidato do bloco conservador PSDB/PFL, indicando a necessidade de o Brasil dar um passo adiante no rumo de um país soberano, democrático e socialmente mais justo.


 


A provável derrota de Alckmin se apresenta como resultado de um conjunto de motivos, mas entre eles se destaca a rejeição da maioria do eleitorado ao seu programa neoliberal. Ao contrário do que dizem muitos analistas, o debate, sobretudo, do segundo turno contribuiu para esclarecer, no fundamental, quem é quem, que caminhos e programas estão em confronto. Alckmin, até certa etapa da campanha, dissimulou bem, mas as discussões desnudaram seu credo neoliberal. Primeiro, teceu louvores às estatais e disse que não iria privatizar. Num gesto teatral, chegou a botar na cabeça o boné do Banco do Brasil e vestiu uma jaqueta com as logomarcas das estatais. Depois, disse que errou ao fazer isso. No debate do SBT enalteceu a privataria de FHC e proclamou que se precisar privatizar, a privatização será feita.


 


No mais, sua campanha tem sido, como já apontado por vários analistas, um interminável desmentido. Alckmin faz juras que ''não vai acabar com o Bolsa Família, com o Prouni'' e assim por diante. Quer dizer sua campanha procurou adotar o programa do adversário. E é claro se é para aplicar o programa de Lula, o eleitor mil vezes prefere o próprio Lula.


 


O portal Vermelho tem procurado ao longo desta campanha eleitoral, desvendar o pensamento que está subjacente à plataforma explícita e envergonhada de Alckmin, denunciando as manobras da direita e se esforçando para municiar a brava militância progressista do país de argumentos sólidos e consistentes para fazer o bom combate contra a ameaça de retrocesso neoliberal.


 


Nesta última semana de campanha é importante garantir um grande êxito eleitoral, com uma agenda diversificada que procure atingir os principais setores da sociedade brasileira, como vem sendo feito nesta fase final, intensificando a campanha em curso, possibilitando que das urnas possa nascer um governo forte para realizar seu programa avançado e, também, forte o suficiente para dissuadir os setores da direita interessadas na desestabilização institucional.