Depois de vencer nas urnas, povo volta às mobilizações de rua

A marcha de milhares de trabalhadores, realizada em Brasília no dia 6 dezembro, pelo aumento do salário mínimo e outras bandeiras é um sinal alvissareiro. Sequer começou o segundo governo do presidente Lula e o povo já ganha as ruas para impulsionar e apoiar o governo a realizar o programa com o qual o presidente foi reeleito.  A marcha reivindicou o aumento de 20% do mínimo que passaria de R$350,00 para R$420,00 e, também, a correção de 7,7% da tabela do imposto de renda.


 


Na Esplanada dos Ministérios, os oradores que discursaram ao longo da marcha organizada pelas centrais sindicais e pela Coordenação dos Movimentos Sociais sublinharam que presidente foi reeleito sob o compromisso de conduzir o país a um ciclo duradouro de desenvolvimento com distribuição de renda. Todavia, até pela experiência concreta do primeiro governo os trabalhadores sabem que a realização desse compromisso não é automática. Poderosas forças políticas e econômicas, algumas delas inclusive integrantes da coalizão vencedora, assim como fizeram durante esse primeiro governo que termina, irão pressionar no sentido de frear a realização dos compromissos ou de mitigá-los.


 


No debate que ora se trava  acerca de que caminhos o país deve trilhar para ter um crescimento robusto acompanhado de distribuição de renda vem à tona a imperativa necessidade de se elevar os índices dos investimentos públicos e privados e de uma redução mais ousada da taxa de juros. O conservadorismo neoliberal com seus diferentes matizes por um lado minimiza a importância da redução dos juros e por outro advoga um corte drástico dos gastos públicos. Nesse sentido, consideram que o aumento real do mínimo aumentará o rombo dos gastos do governo, impedindo-o de elevar os investimentos públicos. Em outras palavras, o ''vilão'' é o mesmo de sempre: o salário do trabalhador.


 


Ora, está provado que quando se fala em distribuição de renda, a geração de emprego e o aumento salarial são duas medidas destacadas. E mais: o aumento da capacidade de consumo das massas trabalhadoras decorrentes dessas medidas fomenta o mercado interno que por sua vez é uma das condições essenciais para o incremento da economia.



Os trabalhadores, o povo, suas entidades, movimentos e lideranças continuaram travando a necessária luta de idéias para demonstrar as falácias do conservadorismo neoliberal. Todavia, sabem que não basta a justeza dos argumentos. É preciso a mobilização e à luta. O povo que teve a força para reeleger o presidente, deve usar essa mesma força para cobrar e impulsionar o governo a realizar o programa.