Intromissão à Cuba deve ser vetada

Enquanto o governo Lula esforça-se para consolidar o Mercosul e fazer avançar a integração latino-americana, os setores mais reacionários da direita não perdem oportunidade para tentar criar atritos e intrigas entre o Brasil e os países latino-americanos.


 


Agora, tais setores maquinaram e conseguiram aprovar na Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados um requerimento que autoriza um grupo de deputados viajar a Cuba com o objetivo de verificar a situação de dois boxeadores que foram deportados pelo governo brasileiro, em agosto último, quando da realização dos Jogos Pan-americanos.


 


Para o deputado Aldo Rebelo, titular da referida comissão e ex-presidente da Câmara, o requerimento ''é quase uma provocação''.
Primeiro, porque não cabe ao Congresso brasileiro, argumenta Aldo, investigar outros países. Para esclarecer melhor, ele exemplifica: ''Se o Congresso da Argentina aprovasse um requerimento para investigar a situação de brasileiros no Brasil, certamente, o governo brasileiro não aceitaria a interferência.''


 


Neste episódio como se vê, no afã de atacar Cuba e de incompatibilizá-la com o Brasil, essa ala tacanha do parlamento revelou o paroxismo de suas posições retrógradas. O teor do requerimento é nitidamente inconstitucional e se efetivado exporia a Câmara dos Deputados ao ridículo e a envolveria num episódio conflitante com a posição histórica do Estado brasileiro de respeitar o principio da soberania e da autodeterminação dos povos.


 


O conservadorismo repete com esse requerimento a mesma conduta que adotou quando da recente eclosão de controvérsias com a Bolívia. Alardeia bravatas quando se trata de problemas contornáveis com países amigos e pobres e é covarde e subserviente em relação às grandes potências, sobretudo, nas questões referentes aos Estados Unidos da América.


 


Nesse particular, o deputado Aldo Rebelo, põe o dedo na ferida: ''Por que não investigar os brasileiros presos nos Estados Unidos ou Por que não houve a preocupação com o acompanhamento do inquérito sobre a morte do brasileiro Jean Charles em Londres?''.


 


Cabe ao presidente da Câmara dos Deputados, Arlindo Chinaglia, com base na Constituição e na defesa dos princípios da República vetar esse requerimento tão reacionário quanto ridículo.