MP fecha cerco a Flávio Bolsonaro
O recrudescimento da pregação irresponsável de Bolsonaro em relação à pandemia tem um duplo com objetivo: mobilizar o núcleo reacionário […]
Publicado 11/11/2020 20:19

O recrudescimento da pregação irresponsável de Bolsonaro em relação à pandemia tem um duplo com objetivo: mobilizar o núcleo reacionário que o apoia e jogar uma cortina de fumaça, com declarações estapafúrdias, para tentar encobrir as falcatruas de seu filho Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), conforme denúncia do Ministério Público do Rio de Janeiro.
Depois de um período de alguma camuflagem está de volta Bolsonaro com sua essência autoritária, serviçal de Trump, nocivo aos interesses do país e alheio ao sofrimento do povo. Quando o país ultrapassa marca de 160 mil mortes diz que o Brasil é um país de maricas. De modo ridículo faz ameaça de guerra aos Estados Unidos, tal é sua vassalagem ao perdedor que se recusa a aceitar a vontade do povo estadunidense.
Essas declarações estapafúrdias, todavia, não conseguem esconder as dificuldades eleitorais das candidaturas bolsonaristas e nem a grave denúncia contra o senador Flávio Bolsonaro. De acordo com informações que vieram à tona, as contas dele e da esposa receberam, entre abril de 2014 e agosto de 2018, R$ 295,5 mil em dinheiro vivo.
A operação se deu por meio de 146 depósitos “sem origem conhecida” para pagar parcelas de um apartamento, conforme o resultado da investigação sobre o esquema de “rachadinhas” no gabinete do filho do presidente na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). A denúncia aponta Flávio Bolsonaro como líder de organização criminosa e peculato (crime que consiste na subtração ou desvio, por abuso de confiança, de algo público). A identificação dos depósitos ocorreu com a quebra de sigilo bancário do senador e da sua mulher.
Fabrício Queiroz, conhecido integrante da equipe de Flávio Bolsonaro entre 2007 e 2018, no mandato de deputado estadual do agora senador, também está envolvido. Ou seja: a denúncia é robusta, com muitas evidências e provas. Com o agravante de que pesa sobre o presidente a acusação de que ele fez uso de instituições do governo para se imiscuir nas investigações.
O caso rendeu uma ação, protocolada pela deputada Natália Bonavides (PT-RN), que resultou no envio, pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski, à Procuradoria-Geral da República de notícia-crime contra o governo. De acordo com a deputada, existem evidências de crimes como tráfico de influência e improbidade administrativa.
É preciso lembrar que órgãos do governo federal tentaram anular as investigações sobre o esquema. O presidente convocou o Gabinete de Segurança Institucional (o GSI), a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), a Receita Federal e a Serpro (empresa pública de tecnologia da informação) para buscar irregularidades nos relatórios de movimentações atípicas produzidos pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).
Esse fato é grave e compõe a ideia de que que locupletar-se faz parte do rol de direitos de Bolsonaro e seu clã. O presidente almeja um tipo de poder em que a sociedade se mantenha distante dos mecanismos de controle popular, a começar pela autonomia dos demais Poderes da República, a Judiciário e o Legislativo.