O protagonismo do movimento social na cena política

Nas últimas semanas, setores significativos do movimento social brasileiro— através de suas organizações nacionais CUT e UJS— realizaram seus congressos onde fizeram o balanço de sua atuação, decidiram seu plano de trabalho para o próximo período e elegeram suas novas direções.

 

A Central Única dos Trabalhadores esteve reunida de 5 a 9 de junho. É a maior central sindical da América Latina, com quase 3500 entidades sindicais filiadas. A tese aprovada pela esmagadora maioria do seu 9º. Congresso Nacional, intitulada “Para impedir o retrocesso e avançar nas mudanças: reeleger Lula presidente!”, comprovou que os trabalhadores representados pela central consideram que Lula é a única opção capaz de realizar uma administração progressista, alinhada com os princípios do povo e dos trabalhadores.

 

 O texto também reforça que “é preciso, neste momento, organizar o combate contra o retorno do neoliberalismo em nosso país”. Outras conquistas são consagradas no documento aprovado pelo congresso da CUT. No retrospecto destes três anos e meio de governo democrático e popular, foi quando os brasileiros conquistaram um aumento real de 20% do salário mínimo e a legalização das centrais sindicais. Houve incremento do emprego formal, com a criação de 3,7 milhões de empregos com carteira assinada, a ampliação do ensino público universitário a não assinatura do tratado da ALCA (Área de Livre Comércio das Américas).

Os sindicalistas também destacaram as conquistas democráticas do novo governo, através de inúmeros canais de diálogo, proporcionando uma melhora nas relações do Estado com o movimento sindical. Existiu espaço, entretanto, para críticas à manutenção da política macroeconômica ortodoxa, representando uma limitação importante às mudanças. Os trabalhadores indicaram a prioridade para os gigantescos superávits primários e as altas taxas de juros como as duas questões essenciais a serem alteradas para a reorientação da política econômica do Ministério da Fazenda.

 

 Neste sentido, a CUT se propõe lutar em aliança com outros movimentos sociais, para pressionar no rumo das mudanças que superem a herança neoliberal e consolidem a implantação de um projeto democrático e popular. Tudo isso mantendo sua autonomia e independência frente ao governo.

 

Fato, também, relevante no âmbito desse congresso, foi o fortalecimento da Corrente Sindical Classista( CSC). Fortalecimento que adveio do alargamento de sua atuação nos sindicatos, da prática combativa das entidades que dirige e da correta concepção sindical que apregoa. A CSC se por um lado partilhou das teses políticas vencedoras, por outro, criticou o hegemonismo exclusivista praticado pela corrente majoritária da CUT e defendeu uma CUT, efetivamente, plural, autônoma e à frente das mobilizações dos trabalhadores.

 

Já o maior movimento organizado da juventude brasileira – a União da Juventude Socialista – acaba de realizar o seu 13º. Congresso Nacional. O evento se deu em Brasília, do dia 15 a 18 de junho, na Universidade de Brasília (UNB). A UJS nesse processo de congresso reuniu cerca de 100 mil jovens em encontros municipais e estaduais pelo país afora. Foi eleito presidente da entidade o estudante Marcelo Gavião, ao lado de outros 52 jovens que compõem a nova direção da UJS.

 

Assim como os trabalhadores sindicalistas, os jovens definiram como principal desafio imediato da organização juvenil “enfrentar uma batalha eleitoral em que a UJS tem que assumir a tarefa de ser a principal força da juventude na base de Lula e ser protagonista na luta pela reeleição”, nas palavras de seu presidente eleito. A derrota de Lula, segundo Gavião, significaria uma quadra de desenvolvimento da luta política muito adversa. “Sabemos que para mudar o Brasil precisamos de duas coisas: reeleger Lula e mobilizar a sociedade para poder alcançar as mudanças”, completa ele.

 

Desta forma, tanto os trabalhadores organizados na CUT quanto a juventude sob a bandeira da UJS, concordam que a principal tarefa do povo brasileiro na atual conjuntura é lutar para reeleger Lula presidente e barrar, assim, a direita reunida em torno da candidatura de Geraldo Alckmin. E mais, os setores mais avançados estão preocupados em combater a euforia nas fileiras progressistas e o hegemonismo artificial na construção da ampla aliança que poderá tornar vitoriosa a tese da implementação de um novo projeto de desenvolvimento com distribuição de renda e reforço da soberania nacional.