Pelo voto, franceses condenam política neoliberal de Sarkozy
O presidente francês e seu partido, a UMP (União pelo Movimento Popular), conservador, acabam de receber um duro recado do […]
Publicado 23/03/2010 11:59
O presidente francês e seu partido, a UMP (União pelo Movimento Popular), conservador, acabam de receber um duro recado do eleitorado francês, que colocou no horizonte a derrota da direita na eleição presidencial de 2012.
Sarkozy está no meio de seu mandato presidencial, e a derrota sofrida no segundo turno da eleição regional de domingo significa a condenação de uma política que, mesmo na crise que tolhe empregos e encolhe a economia, se mantém fiel aos dogmas do neoliberalismo.
Foi a pior derrota da direita em algumas décadas. A oposição, liderada pelo Partido Socialista e que reúne os verdes e alianças com o Partido Comunista em algumas regiões, teve 54% dos votos, contra 36% dados ao partido de Sarkozy. A extrema direita racista de Jean Marie Le Pen cresceu, beirando os 10 % dos votos.
A França é dividida em 22 regiões em casa e outras quatro fora do território metropolitano. A direita perdeu em 21 (ficou apenas com a Alsácia), e empatou no ultramar (venceu na Guiana e na Ilha da Reunião). O saldo foi muito desfavorável para a direita – no total, a oposição ganhou em 23 das 26 regiões francesas, e a direita ganhou em apenas três.
A derrota de Sarkozy é a rejeição de sua política de reformas condenada pelo povo francês, particularmente neste momento em que a crise econômica significou a perda do emprego para três milhões de trabalhadores no país, no maior desemprego vivido pelo país em algumas décadas.
A ela junta-se a insatisfação principalmente com a reforma da previdência, feita para cortar direitos sociais históricos dos trabalhadores e aposentados, cujas manifestações de protesto se multiplicam. Um sinal do crescimento da luta social na França foi a manifestação de ontem, que uniu as cinco centrais sindicais contra as medidas econômicas e sociais do governo de Sarkozy.
Na oposição, Martine Aubry, dirigente do Partido Socialista e dona do crédito de ter conseguido aprovar, quando ministra, a jornada semanal de 35 horas, comemora e prepara a volta ao governo e já começa a "preparar 2012" buscando alianças com outras forças políticas do campo progressista.
Só há uma leitura para o resultado da eleição de domingo na França – os trabalhadores não aceitam pagar por uma crise que não provocaram e rejeitam saídas para ela que signifiquem mais desemprego, perdas de direitos sociais e precarização do trabalho. Ela tem o sentido de um basta e acendeu uma chama que precisa crescer até transformar-se em uma labareda progressista e avançada em 2012.