Oito anos após massacre feito por militante de extrema-direita na Noruega, artigo que o inspirou continua a fazer estragos. No Brasil, as teses conspiratorias sobre "o perigo do marxismo cultural” são defendidas (em forma de plágio e discurso de ódio) por um seguidor de Olavo de Carvalho, o ex-professor Murilo Resende Ferreira. Ele agora ocupa — no governo Bolsonaro — o cargo de Diretor de Avaliação de Ensino Básico do Inep, órgão responsável pelo Enem.
Por Eduardo Wolf*
O governo Bolsonaro chegou a enviar um avião da Polícia Federal para trazer Battisti ao Brasil, como "troféu"; o plano foi por água abaixo e terminou como mais um mico que se soma à série de tropeços constrangedores deste início de gestão bolsonarista.
O governo do Estado de Rio de Janeiro cancelou o último dia da mostra "Literatura Exposta" na Casa França-Brasil. Neste domingo, seria realizada uma performance artística crítica à tortura praticada pela ditadura militar.
O professor Maurício Santoro, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, analisa o governo Bolsonaro e suas contradições internas, em particular a política externa. Segundo Santoro, há um entrechoque de ditas concepções antiglobalização do chanceler, de um nacionalismo dos militares que se altera e do ultraliberalismo do superministro da Fazenda, Paulo Guedes. Para o professor, confrontos e controvérsias deverão marcar a política externa do atual governo.
"Nosso projeto de desenvolvimento sempre se articulou na defesa de interesses externos em íntima vinculação com o capitalismo internacional. Isto levou a um projeto de aliança com as elites locais para implementar políticas que conduzem não à defesa dos interesses e direitos da população, mas ao favorecimento de interesses privados e externos".
Por Manfredo Oliveira*
Como era previsível, o presidente Jair Bolsonaro correu para as redes sociais para "comemorar" a prisão de Cesare Battisti, detido neste sábado (12) na Bolívia. Depois de 11 dias de noticiário negativo por causa dos tropeços de seu início de gestão, Bolsonaro acredita que pode se escorar na prisão do ex-ativista italiano para reforçar sua cruzada ideológica contra a esquerda e, assim, desviar o foco do noticiário.
Tempos de crise requerem a espiritualidade do grão de mostarda: pequeno e insignificante, mas dele pode brotar o que, no futuro, mudará o rumo da história.
A nítida impressão que se tem é a de que dois núcleos se esforçam para manter o presidente "dentro da casinha" e fazê-lo (e aos filhos e siderados que acompanham a família) se convencerem que podem tudo, menos arranjar problemas para o processo de liquidação da soberania nacional e dos direitos sociais, aponta o jornalista Fernando Brito, no blog O Tijolaço
Considerada uma das maiores lideranças feministas no Brasil, a deputada estadual Manuela D'Ávila (PCdoB-RS) publicou em suas redes sociais dados alarmantes sobre casos de violência contra mulheres no começo do ano no Brasil. Citando reportagem do jornal O Globo, a deputada registrou que "em apenas 11 dias, 33 mulheres foram vítimas de feminicídio no Brasil". Ela também sugeriu que se faça uma mobilização "para mostrar que não vamos aceitar a total destruição dos parâmetros básicos da civilização e dos direitos humanos".
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, suspendeu neste sábado (12) a decisão do ministro Marco Aurélio que dificultava a venda de ativos da Petrobras. Toffoli atendeu a pedido da Advocacia-Geral da União (AGU), derrubando liminar solicitada pelo PT para suspender um decreto do ilegítimo ex-presidente Michel Temer (MDB).
Em seu blog, o jornalista Leonardo Sakamoto pondera que o debate sobre a reforma da Previdência mostra que categorias historicamente privilegiadas, como os militares e juízes, estão mobilizadas para manter seus direitos intocados. Já a maioria da população, os idosos pobres, do campo e da cidade, saem em larga desvantagem. Oferecer uma solução justa que não puna os mais pobres "é o que nos dá o direito de, ao final de cada dia, sermos chamados de civilização e não de barbárie", afirma Sakamoto.
Dois aspectos chamaram atenção nos dez primeiros dias de governo: os recuos constantes de decisões anunciadas e a obsessão em eliminar a ideologia de esquerda dos quadros administrativos do Estado.
Por Juliana Diniz*