A mídia alternativa conseguiu uma vitória: depois de tentar ignorar o escândalo das contas de 8.667 brasileiros na Suíça, os jornalões foram obrigados a abordar o assunto graças às denúncias dos “blogs sujos” e sites independentes. Ainda que de forma enviesada, a mídia empresarial pelo menos fala agora no assunto, sempre buscando escamotear o principal da questão: quem são os titulares e que possíveis esquemas de corrupção irrigaram os 7 ou 8 bilhões de dólares destas contas?
O discurso da mídia hegemônica baseado na ética engana infelizmente muitas parcelas do povo, especialmente das camadas médias. O hábito de não se aprofundar nos assuntos políticos e aceitar passivamente a “verdade” da mídia produz fenômenos bizarros, pois graças ao monopólio da comunicação os contrapontos existem mas são impedidos, através de uma forte barreira econômica e política, de atingir públicos mais amplos.
A mídia vibra: a agência Moody’s rebaixou o grau de investimento da Petrobras ao nível especulativo. O jornal O Estado de S. Paulo comemora em editorial publicado nesta quinta-feira (26) : “a Petrobrás foi humilhada mais uma vez ao ser rebaixada ao grau especulativo”. Míriam Leitão mal esconde seu entusiasmo em O Globo (26): “Governo ignorou todos os alertas sobre erros na empresa”.
Chega a ser inacreditável o que a mídia hegemônica é capaz de fazer para atingir seus objetivos políticos. Sob uma capa mal ajambrada de imparcialidade, incentivam a instabilidade política e o ódio ao campo popular e democrático. Mas agora O Globo resolveu que mesmo a fina e quase invisível camada de prudência desapareceu e convoca abertamente para o golpe.
A luta política se dá em múltiplas dimensões. Um governo oriundo do campo popular e democrático, que trilhe um caminho de desenvolvimento com distribuição de renda, tem na economia um dos fortes pilares de sua sustentação ou do seu enfraquecimento.
Existem ainda pessoas ingênuas acreditando que, respeitadas as regras da democracia burguesa, tudo correrá normalmente vença quem vencer uma disputa eleitoral. Estes não perceberam que o compromisso da burguesia com a democracia é zero. As forças políticas chavistas venceram, nos últimos 15 anos, 18 eleições de 19 que ocorreram na Venezuela e mesmo assim os eleitos não viveram um só segundo sem a pressão, a chantagem e a ameaça de golpe da elite local, mancomunada com a mídia hegemônica.
O Notas Vermelhas presta aqui sua comovida homenagem ao jornal Folha de S. Paulo, na passagem dos seus 94 anos de fecunda existência, sempre contra os trabalhadores, contra a democracia e pró-imperialista.
A manchete da página três de O Globo desta quinta-feira (19), "Moro denuncia ‘interferência’ ", é mentirosa. Para desmascará-la não é preciso muito esforço: basta ler a própria matéria. Os demais jornalões e veículos da mídia hegemônica, com poucas nuances, repetem a mesma mentira.
“Ensaiei meu samba o ano inteiro / Comprei surdo e tamborim / Gastei tudo em fantasia / Era só o que eu queria / E ela jurou desfilar pra mim” (Benito di Paula)
Idealizado por Brizola e Darcy Ribeiro e com projeto de Oscar Niemayer, o Sambódromo da Avenida Marquês de Sapucaí, no Rio de Janeiro, foi inaugurado em março de 1984 e projetos semelhantes se espalharam depois pelo país. Roberto Marinho (dono da Globo, já falecido), movido pelo ódio político ao então governador Leonel Brizola, promoveu uma intensa campanha contra a construção do Sambódromo.
Manchetes esbravejantes por dias seguidos, com sentenças afirmativas e duras, editoriais indignados, nada disso existia durante os oito anos do governo FHC. Buscando mostrar mais uma vez que O Globo tem apenas e tão somente interesses econômicos e políticos, vamos dar um exemplo simples, acompanhando como o jornal tratou um dos escândalos mais claros e comprovados da época FHC, entre tantos que ocorreram na gestão tucana e foram jogados para debaixo do tapete.
O jornal O Globo, fundado em 1925, tornou-se um poderoso grupo de comunicação a partir de 1964, com o advento do golpe militar que contou com a ativa participação do veículo.