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Adalberto Monteiro: Barris de óleo e sangue

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-Alguns milhares de barris de sangue,
Bem valem os milhões de barris
De petróleo iraquiano…
Assim, da sacada da Casa Branca ,
Tomando um uísque, calcula o tirano.


 


-Para viver em paz,
Temos que abdicar do nosso território,
De nossas oliveiras, de nossos rebanhos?
Andando entre escombros, põe-se a perguntar
Um menino palestino.
-Sim, de cima de seu cavalo, no Texas,
Berra, o tirano.


 


-Para viver em paz, (indagam as nações)
Temos que entregar nossas riquezas, abdicar
De nossa cultura, de nossa fé?
A vida só nos é permitida no cimo das montanhas,
No gelo dos pólos, no fundo do mar,
Nas dunas do deserto?
-Decerto… diplomaticamente, responde o tirano.


 


Então, um homem bem intencionado e
Alquebrado com tantas guerras
Apresenta, uma última proposta
Ao Conselho de Segurança da ONU:
Nos cedam ônibus espaciais
Nós, o restante dos povos, vamos viver no espaço
sideral…
Fique você, tirano ianque, com todo o planeta.
E fique tranqüilo, não vamos para a Lua
Já que você a tem, também, como sua.


 


-Não… grita o tirano,
Se vocês partem,
Quem serão os nossos escravos?
Quem serão os alvos dos nossos canhões?


 



Adalberto Monteiro
As delícias do amargo & uma homenagem: poemas
Editora Anita Garibaldi – edição 2006