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Adalberto MOnteiro: Jogadores de uma perna só

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Outro dia fez um rasgo de sol
No inverno paulistano e fui a São Vicente.
Na praia um jogo de futebol de amputados.
Vitalidade e intrepidez da vida que não se rende,
Que supera desgraças e adversidades.


 


Correm, correm, com 3 pernas…
Duas de metal e uma de só de osso e carne.
A única perna luta para ter a habilidade
De si e da outra que se perdeu.  
Quando um cai,
Muletas e homem rolando na areia,
Não há nada de coitadinho…
Um deles, com o
humor de qualquer jogador, brinca:
– Chama a ambulância…


 


Os goleiros têm um braço só,
Não podem agarrar a bola,
Mas sufocam-na contra o peito, contra o solo. 


 


A bela perna única que parece conter a
Beleza e a força de duas, chuta a bola e…
A bola sai da areia e vai ao encontro da
Onda que se quebra,
Aquele homem de três pernas
Resgata a bola que bóia nas marolas
E a lança ao ponta-direita que em
Desabalada carreira evita a saída e cruza…
E o craque do time, salta com a elegância de um Pelé,
No salto, atira ao longe as pernas de metal,
Ergue o pescoço, gira a cabeça, e gooll !
Goollll !!!


 



Aqueles jogadores de futebol de uma perna só,
Ou de três pernas como se queira,
Eu os achei tão belos e fortes
Quanto o oceano!