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Publicado 04/06/2007 12:00 | Editado 13/12/2019 03:30
A vida, a que não tens e tanto buscas,
terás, se te entregares à poesia;
se andares entre as pedras, as mais bruscas,
da escarpa a que te leva a rebeldia;
se deres mais ao sonho, com que ofuscas
as luzes da razão e o próprio dia,
o coração que pulsa, se o rebuscas,
no eterno… Ou pulsa um deus que em ti havia?
Que pobre o teu sentir, se não te salvas
perdendo-te de vez nas terras alvas
que chamam da mais alta das estrêlas.
Se a tanto te ajudar o engenho e arte,
ao impossível possas elevar-te
subindo em emoções, mas por vivê-las.
Afonso Felix de Sousa
Antologia Poética
Editora Leitura S.A. – edição 1966