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Publicado 08/03/2007 16:30 | Editado 13/12/2019 03:30
O nome dessas mulheres eu não sei, não lembro e nem preciso saber. São nomes
comuns em meio a tantos outros espalhados por esse chão duro chamado Brasil.
Mas a maioria delas eu conheço, e conheço bem, são donas de um mesmo
destino: as miseráveis que roubam remédios para aliviar as angústias dos
filhos.
É quando a pobreza não é dor, é angústia também.
São as ladras de Victor Hugo.
Donas da insustentável leveza do ser, as infantes guerreiras enfrentam a lei
da gravidade. Permanecem de pé ante aos dragões comedores de sonhos que
escondem na gravidade da lei. Das trincheiras do ninho enfrentam moinhos de
mós afiadas para protegerem a pança dos pequeninos.
São as Quixotes de Miguel de Cervantes.
Místicas, não raro, estão sempre nuas em sentimentos. Quando precisam,
cruas, esmolam com o corpo, e se postam à espera do punhal do prazer que
cravam no seu ventre. È quando o prazer humilha.
São as habitantes do inferno de Dante.
Rainhas de castelos de madeiras, sustentam os filhos como príncipes, e os
protegem da fome, do frio, e da vida dura e cruel que insiste em bater na
porta dessas mulheres de panela vazia.
Quanto aos reis, também são os
mesmos: os covardes dos vinhos da ira.
Mágicas, esses anjos se transformam em rochas, quando a vida pede grão de
areia. Em flores quando rastejam e espinhos quando protegem.
Essas mulheres são aquelas que limpam tapetes, mas não admitem serem
pisadas.
São domésticas, mas não aceitam serem domesticadas.
Sim, são as deusas do dia a dia.