O governo que se elegeu com o discurso de combate à corrupção e prometeu abrir a "caixa-preta" das instituições públicas acaba de tomar uma medida nefasta: mudou e restringiu a LAI (Lei de Acesso à Informação) impondo dificuldades para a política de transparência. Com isso, cria-se as condições ideais para que atos ilegais simplesmente não sejam mais descobertos nem investigados. O ministro da Justiça, Sérgio Moro, tido como paladino da luta anti-corrupção, concorda com a mudança?
Raimunda Veras Magalhães, mãe do ex-capitão do Bope Adriano Magalhães da Nóbrega, neste momento foragido da Operação "Os Intocáveis" e suspeito de envolvimento com o assassinato da ex-vereadora do Rio Marielle Franco (Psol), foi funcionária do gabinete do deputado estadual Flávio Bolsonaro (PSL); o filho dela, o ex-capitão Adriano, homenageado na Alerj por Flávio Bolsonaro, também era tido pelo MP-RJ como chefe da milícia Escritório do Crime.
Em artigo publicado no site GGN, o sociólogo Aldo Fornazieri afirma que "se a queda moral dos bolsonaristas ainda não representa uma reversão das posições ofensiva/defensiva na relação com o PT e o campo progressista, ao menos, no momento, equilibra um pouco mais o jogo nas escaramuças e do fogo cruzado da política entre governistas e oposicionistas."
Jornalistas, ativistas, políticos e juristas cobram um posicionamento do ex-juiz e agora ministro da Justiça, Sérgio Moro, sobre o escândalo envolvendo a família Bolsonaro.
Em uma reportagem demolidora de mais de cinco minutos, o Jornal Nacional, da Rede Globo, exibiu nesta sexta-feira (18), com exclusividade, trecho de documento do Coaf que mostra a movimentação financeira do senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL), entre junho e julho de 2017. A reportagem revela uma série de quase 50 depósitos suspeitos, em dinheiro, na conta do filho de presidente.
A sucessão de 'trapalhadas' do governo Bolsonaro inclui o acionamento do STF (Supremo Tribunal Federal) pelo filho do presidente e senador eleito Flávio Bolsonaro; para um ministro do Supremo, Flávio confessou ter culpa no caso Queiroz ao acionar o STF; o magistrado ainda disse – segundo a jornalista Mônica Bergamo – que a situação de Flávio Bolsonaro se agrava, pois a confissão é a de que o envolvido é ele e não o motorista; outros ministros afirmaram que, se a questão for aberta no STF, o presidente Jair Bolsonaro também será investigado
O policial-motorista Fabrício Queiroz –apontado como uma espécie de 'laranja" da família Bolsonaro — aparece num vídeo gravado no luxuoso hospital Albert Einstein, com sua esposa e filha, dançando e rindo em ritmo de samba. O vídeo viralizou nas redes sociais e está causando indignação. Muitos interpretaram as cenas como um verdadeiro deboche, num misto de escárnio explícito e humilhação já que Queiroz e sua família tem se recusado a prestar esclarecimentos ao Ministério Público alegando problemas de saúde.
Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) avisou hoje em seu Facebook que não vai depor no Ministério Público do Rio de Janeiro nesta quinta-feira, 10, sobre a movimentação suspeita de R$ 1,28 milhão de seu ex-assessor Fabricio Queiroz; senador eleito disse que "não é investigado" e "não teve acesso aos autos" para justificar a ausência no depoimento. Até agora, nenhum dos envolvidos no bolsogate prestou algum esclarecimento sobre o caso ao Ministério Público
Uma nota de esclarecimento divulgada ontem pelo Ministério Público do Rio de Janeiro sobre o não comparecimento do PM Fabrício Queiroz e seus familiares aos depoimentos marcados pelo órgão foi alvo de dezenas de mensagens de internautas que apontam parcialidade e conivência do MP no caso do ex-assessor da família Bolsonaro. Alguns questionaram se o MP está fazendo "assessoria de imprensa" para a família do investigado.
Senador eleito deveria ser ouvido sobre movimentação financeira atípica do ex-assessor Fabrício Queiroz, mas não confirmou comparecimento na quinta-feira
O jornalista Leonardo Sakamoto questiona, com estilo e ironia, a entrevista de Fabrício Queiroz ao SBT Brasil. Para Sakamoto, as declarações do amigo da família Bolsonaro, pouco convincentes, serviram para aumentar ainda mais a desconfiança que ronda o imbróglio de sua atípica movimentação financeira. "Ou ele acredita que a população é tapada ou encontramos um Fernando Pessoa reencarnado – que finge tão completamente, que chega a fingir que é dor a dor que deveras sente", afirma o jornalista.
Em artigo publicado nesta quarta-feira (26) nos jornais Folha de S. Paulo e O Globo, o jornalista Elio Gaspari questiona a mal contada história do ex-assessor de Flávio Bolsonaro, o PM Fabrício Queiroz. "A história segundo a qual Queiroz deixou a assessoria de Flávio Bolsonaro no dia 15 de outubro para tratar de sua aposentadoria não fica em pé", pontua Gaspari.