A mídia chapa-branca, embriagada com o aumento da grana da publicidade oficial, prefere estampar nas manchetes a "histórica" queda no preço da gasolina – de 1 centavo! – do que tratar com seriedade sobre a explosão do desemprego no país.
Por Altamiro Borges*, em seu blog
O setor privado na Argentina perdeu 118.074 empregos formais entre o quarto trimestre de 2015 e o segundo de 2016, informou nesta sexta-feira (14) o Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec).
A Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) e mais cinco centrais sindicais, além seis confederações dos setores de indústria e comércio, que compõem o Fórum Nacional de Desenvolvimento Produtivo, participaram nesta terça-feira (4), no palácio do Planalto, de reunião sobre a retomada do crescimento do País. Pela equipe de Michel Temer estavam o ministro da Indústria e Comércio Exterior, Marcos Pereira, e o assessor especial da Presidência da República, Sandro Mabel.
O "deus-mercado" prometeu que com o golpe do impeachment de Dilma a economia iria deslanchar e que os empregos ressuscitariam num passe de mágica. Já a mídia privada, que antes só dava notícias pessimistas, mudou abruptamente de postura e passou a difundir um cenário róseo.
Por Altamiro Borges*, em seu blog
As forças que ampararam o golpe apresentavam o impeachment como a grande saída para a crise econômica. Muitos diziam apoiar o impedimento “pelos 11 milhões de desempregados no país”. Pois bem, cinco meses após o afastamento de Dilma Rousseff, sob a gestão de Michel Temer e Henrique Meirelles, os tais 11 milhões de brasileiros fora do mercado de trabalho rapidamente se transformaram em 12 milhões. Sem agir para reverter o quadro, o próprio governo anuncia que a situação ainda vai piorar.
Apesar do empenho dos veículos de comunicação – que apoiaram o golpe contra a presidenta Dilma Rousseff e alçaram Michel Temer à Presidência da República – em transmitir algum otimismo, não há um sinal concreto de melhora dos indicadores econômicos. Muito pelo contrário, o desemprego aumentou, a arrecadação caiu e os investimentos foram reduzidos.
A volta da confiança na economia só existe mesmo nos discursos da equipe econômica de Michel Temer. A realidade é muito distinta daquilo que diz o governo sem votos. Levantamento do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP), em parceria com a Fundação Getulio Vargas (FGV), mostra que o setor de construção civil cortou 31,1 mil postos de trabalho em julho, o que representou uma queda de 1,13% no nível de emprego em relação a junho.
O desemprego é, hoje, um problema mundial e não uma exclusividade dos países subdesenvolvidos ou em vias de desenvolvimento. É certo que esses países sofrem mais com o desemprego, pois as suas redes de proteção social são extremamente frágeis.
Por Álvaro Sólon de França*, na Agência Sindical
Análise do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) aponta permanência de "ritmo acelerado de deterioração" do mercado de trabalho no Brasil, atingindo principalmente o grupo de pessoas acima de 59 anos, jovens e empregados com carteira assinada. Na comparação entre o primeiro trimestre de 2014 e o segundo trimestre deste ano, há aumento generalizado da taxa de desemprego entre regiões e segmentos, nos recortes por sexo, faixa etária, situação familiar e escolaridade.
A fatura do boicote da então oposição ao governo da presidenda Dilma Rousseff está sendo pago pelo povo. A estratégia dos apoiadores do golpe, que apostaram no "quanto pior, melhor" – inclusive barrando a aprovação de matérias prioritárias para a gestão -, teve efeitos perversos no mercado de trabalho. De acordo com dados do Ministério do Trabalho, em 2015, o Brasil perdeu 1,51 milhão de postos formais, pior resultado desde 1985.
O projeto de reforma trabalhista sinalizado pelo atual governo brasileiro é uma "imposição dos interesses financeiros que comandam a economia do país", aponta Ricardo Antunes, professor de Sociologia do Trabalho da Unicamp e autor de diversos livros sobre o tema, entre eles "Sentidos do Trabalho", publicado no Brasil, na Argentina, nos Estados Unidos, na Inglaterra, Holanda, Itália, Portugal e Índia; e "Adeus ao trabalho?", editado no Brasil, na Argentina, Venezuela, Colômbia, Espanha e Itália.
A redução do desemprego depende da retomada da atividade mais geral da economia. E políticas públicas como o auxílio desemprego devem ser fortalecidos.
Por Paulo Kliass*