A Justiça da Argentina retoma, a partir da segunda semana de fevereiro, o julgamento de vários processos contra ex-militares e civis acusados de cometer crimes contra a humanidade, como assassinatos e tortura, durante o período do regime militar (1976-1983). A ditadura argentina é apontada como uma das mais sangrentas da América Latina, tendo deixado um saldo estimado de 30 mil mortos.
A Secretaria de Segurança Pública (SSP) do Estado de São Paulo exaltou o golpe militar de 1964 em uma seção na sua página oficial na internet. O golpe é tratado como uma “Revolução”, “desencadeada para combater a política sindicalista de João Goulart”. Em seguida, a SSP diz que, durante o golpe, “Força Pública e Guarda Civil puseram-se solidárias às autoridades e ao povo.”
A frase inesperada congelou a plateia colorida de azul, branco e marrom cáqui que lotava na segunda-feira, 12 de dezembro, o Salão San Martín, o espaço nobre do Edifício Libertador, sede do comando do Exército em Buenos Aires. Perfilados diante do ministro da Defesa, Arturo Puricelli, os brigadeiros, almirantes e generais do Alto Comando das Forças Armadas argentinas ouviram, crispados, a sentença súbita e cortante da autoridade que subvertia o rígido protocolo castrense:
Ele caçou Augusto Pinochet e perseguiu membros da ditadura argentina. Poderia se aposentar em paz, mas, ao atacar o passado franquista de seu país, a Espanha, o juiz Baltasar Garzon enfrentou obstáculos que, com certeza, não previa.
O Tribunal de Apelações do Capital Criminal e Correcional Federal da Argentina localizou, no ano passado, mais de 40 corpos enterrados sem identificação durante a ditadura militar. A procura das vítimas da ditadura argentina nos anos 1970 faz parte das medidas tomadas para dar satisfação às famílias de milhares de desaparecidos.
“Elis era temperamental. Não levava desaforo para casa”. Essas duas frases viraram clichês para definir a personalidade de Elis Regina (1945-1982). Alguns viam nisso a força que ela sempre impôs para a sua carreira. Outros enxergam suas atitudes com reservas. O certo é que Elis, cuja morte completa 30 anos nesta quinta-feira (19), comprava não só suas brigas, como as dos outros também.
Memória de Neblina, a nova obra do curitibano Luiz Manfredini, lançada em novembro de 2011, é antes de tudo um romance inesperado. Inesperado pela construção da narrativa, inesperado pela emocionante história, inesperado pela busca de uma memória já quase esquecida por boa parte da atual geração juvenil. Inesperado sim, mas para quem não conhece Luiz Manfredini.
Publicado no Sul 21
No dia 6 de dezembro de 1976, às 2h45 da madrugada, morria aos 57 anos o ex-presidente brasileiro João Belchior Marques Goulart. No dia 6 de dezembro de 2011, 35 anos depois, a Justiça argentina abre um inquérito criminal para investigar o que ocorreu na estância La Villa, em Mercedes, na província de Corrientes.
Em relação à morte de Pablo Neruda, as perguntas talvez não tenham respostas. Ele estava acamado, quando o golpe aconteceu. E se supunha que o ódio dos criminosos que depuseram o governo chileno, respeitasse um dos poucos prêmios Nobel da América Latina até ali. Seu provável assassínio, portanto, não é uma questão tão simples.
Por Enio Squeff*
Na lógica do “Nunca mais”, o Estado argentino desenhou um plano de memória, verdade e justiça que busca recuperar e tornar visíveis as atrocidades cometidas durante a ditadura, por meio da Rede Federal de Lugares da memória, a cargo do Arquivo Nacional da Memória, o Estado assinalou 26 lugares vinculados com o terrorismo de Estado, 24 dos quais foram centros clandestinos de detenção. Segunda dados oficiais, mais de 500 centros clandestinos funcionaram durante a ditadura.
O flagrante dos otavinhos ao ter chamado a ditadura militar de “ditabranda” se repete no Chile. O governo neo-pinochetista de Sebastian Piñera aprovou no Congresso a substituição de ditadura militar por “governo militar” nos textos escolares e o de Pinochet de general e não de ditador. A trama fracassou lá também, mas deixa lições.
Por Emir Sader
Trinta e um anos depois de ser expulso do país pela ditadura militar, o padre italiano Vito Miracapillo celebrou na noite deste sábado (7) uma missa para comemorar autorização que recebeu para voltar definitivamente para o Brasil.