Com o desequilíbrio das contas públicas batendo à porta do governo, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, mudou o discurso e já admite rever a meta fiscal de 2017, que prevê um deficit de R$ 139 bilhões. Antes intransigente quanto às estimativas de resultado para ano, ele disse, nesta segunda (31), que a gestão “está analisando o assunto”. A sinalização representa o reconhecimento do fracasso da política econômica, que aprofundou a recessão, causando uma queda ainda maior na arrecadação.
O governo Michel Temer confirmou, nesta quinta-feira (27), o bloqueio de R$ 5,9 bilhões em despesas, além de anunciar o remanejamento de outros R$ 2,2 bilhões do Orçamento de 2017. O objetivo é tentar cumprir a meta fiscal deste ano. O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que já vinha sendo penalizado, será o mais atingido – vai perder R$ 7,48 bilhões. O corte nos investimentos atrapalha a recuperação da economia, aprofunda o desemprego e tem efeito negativo sobre o planejamento.
O que esperar da trajetória do PIB do Brasil nos próximos meses.
Por Pedro Paulo Zahluth Bastos*
Em vídeo, o economista Pedro Rossi, professor da Unicamp, desmonta a cantilena neoliberal em defesa das políticas de austeridade. De acordo com ele, a ideia de que a redução do papel do Estado, com corte de gastos públcios, tem efeito positivo sobre o crescimento e emprego é equivocada. "O problema é que não funciona", disse.
O foco do debate na questão da arrecadação escamoteia a divulgação e análise das informações relativas ao comportamento da dívida pública federal. Os resultados das contas orçamentárias de natureza não financeira foram comprimidos para que sobrassem recursos para o pagamento dos compromissos da dívida. E mesmo assim, tal esforço não foi suficiente. Com isso, novos títulos foram emitidos e o estoque da dívida cresceu.
Por Paulo Kliass*
Bandeira única da gestão Michel Temer-Henrique Meirelles, o equilíbrio fiscal é hoje uma quimera. As restrições orçamentárias que o governo impôs a investimentos e áreas estratégicas, com impacto sobre a prestação de serviços, não melhoraram a situação das contas públicas. Pelo contrário. No primeiro semestre deste ano, houve deficit primário de R$ 56,09 bilhões. Trata-se do pior resultado para o período desde o início da série histórica, em 1997, ou seja, em 21 anos.
O estoque da Dívida Pública Federal (DPF) cresceu de R$ 3,253 trilhões para R$ 3,357 trilhões em junho, o que corresponde a um aumento de R$ 104 bilhões em apenas 30 dias. Esta variação deveu-se à emissão líquida de R$ 70,26 bilhões e pela apropriação de juros no valor de R$ 34,36 bilhões, segundo o Tesouro Nacional.
Pagamento de dívidas e consumo de itens básicos ficaram com a maior parte dos mais de 40 bilhões de reais que saíram das contas do fundo.
Por Dimalice Nunes
Reportagem de Martha Beck, Manoel Ventura e Geralda Doca, em O Globo, mostra o cenário devastador dos investimentos públicos no Brasil e, em consequência, a falta de qualquer perspectiva de retomada de um crescimento sustentado da economia, que vai ter, durante um bom tempo, com as soluções (positivas e negativas) da mera especulação financeira.
Por Fenando Brito*, no Tijolaço
Na tentativa de cumprir a meta fiscal deste ano, o governo federal anunciou nesta quinta (20) um contingenciamento adicional de R$ 5,9 bilhões no orçamento. No total, o bloqueio de recursos já atinge cerca de R$ 45 bilhões. Para a professora de Economia da UFRJ, Esther Dweck, o corte é “dramático” e tem impacto sobre os serviços prestados à população.
Por Joana Rozowykwiat
Redução de gastos do governo poderá levar ao aumento da violência do campo e aumento de preço dos alimentos. Na área da igualdade racial, o corte deve aumentar as ações policiais arbitrárias e aprofundar o racismo estrutural.
Por Verônica Lugarini, estagiária no Portal Vermelho
Produzido pelos mercados financeiros e pela mídia, ele capturou as energias cognitivas da sociedade.
Por Luiz Gonzaga Belluzzo*