O Brasil está na iminência de um vergonhoso retorno ao mapa da fome da ONU (Organização das Nações Unidas), de onde tinha saído em 2014. Com a entrada do governo golpista de Michel Temer, a partir de 2016, os investimentos sociais deixaram de ser prioridade e o corte em programas como o Bolsa Família ou o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) afetou diretamente famílias como a da mineira Maria Joana.
Tema volta com força a campanhas da ONU e preocupa entidades no Brasil, como a Fiocruz. Desemprego e cortes nos programas Bolsa Família e de Aquisição de Alimentos podem recolocar país no mapa da fome.
A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) pede US$ 1,06 bilhão para o combate à fome em 26 países em 2018. Em um comunicado, a agência pede aos doadores que renovem seu apoio financeiro este ano para contribuir com as ações. Segundo a FAO, a ideia é ajudar mais de 40 milhões de pessoas que dependem da agricultura de subsistência nesses países.
Enquanto mais de 815 milhões de pessoas sofrem fome crônica no mundo, um terço dos alimentos produzidos no planeta são desperdiçados, mais de 1 bilhão 300 milhões de toneladas anuais, com consequente dano econômico, social e ambiental.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta sexta-feira (15) a Síntese de Indicadores Sociais 2017. A pesquisa constatou que realmente o Brasil voltou ao Mapa da Fome como disseram os pesquisadores da Organização das Nações Unidas (ONU).
Fazia tempo que Brasil não convivia com notícias tão cruéis relacionadas à fome. Na última segunda-feira (13) – a informação veio à tona na sexta (17) – uma criança de 8 anos desmaiou de fome em uma escola pública do Distrito Federal.
O Mapa da Fome é um estudo elaborado desde 1990 pela FAO, principal órgão internacional de incentivo a políticas de combate à fome e à promoção do alimento.
Reedição da campanha Natal sem Fome acende luz amarela e alerta sociedade sobre rumos do atual governo. Com as políticas atuais, o Brasil – que nos últimos anos vinha sendo exemplo internacional em políticas de segurança alimentar – corre risco de voltar ao Mapa da Fome da ONU.
O número de pessoas que sofrem com a fome na América Latina e no Caribe aumentou em 2,4 milhões de 2015 a 2016, alcançando um total de 42,5 milhões, segundo o relatório Estado da Segurança Alimentar e Nutricional no Mundo 2017.
Os conflitos e impactos climáticos revertem os tímidos recuos registrados desde 2003. Na América do Sul, após anos de queda, os índices de subnutrição voltaram a crescer há dois anos
Se o ajuste de Dilma e Levy já comprometia o orçamento das políticas públicas para o campo e a floresta, os números do fanatismo ultraliberal do atual governo mostram o trailer de um filme de terror. O projeto em curso, de destruição completa do Estado, é o da insegurança alimentar.
Por Gustavo Noronha*
Conheço bem a fome. Quando criança, brincávamos de esconde-esconde com ela, que não raras vezes nos encontrava. Nunca passou, confesso, de fomezinha, minúscula. Há gradações na fome, na miséria, na pobreza, que as estatísticas nem sempre dão conta. As estatísticas não dão conta das gradações da dor que a fome provoca.
Por Joan Edesson de Oliveira*