A Fitmetal (Federação Interestadual de Metalúrgicos e Metalúrgicas do Brasil) completa nove anos neste mês de junho. O momento, porém, não é de festa para a categoria metalúrgica, nem para o conjunto dos trabalhadores brasileiros. Nestes primeiros meses do Brasil sob o governo ultradireitista de Jair Bolsonaro (PSL), a situação da indústria e dos trabalhadores só se agrava.
Por Wallace Paz*
Com queda disseminada em praticamente todos os segmentos, a produção industrial no país despencou em março, comprometendo o resultado do crescimento da economia brasileira no primeiro trimestre sob o governo Jair Bolsonaro (PSL). Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (3) pelo IBGE. A produção industrial caiu 6,1% na comparação com março de 2018.
Fundamental para o desenvolvimento do país, a indústria não dá sinais de reversão de declínio.
Se as exportações representam um dos principais indicadores da vitalidade econômica de um país, o Brasil tem razões para se preocupar. Graças ao prolongado cenário de desindustrialização da economia – ou seja, a participação cada vez menor da indústria no PIB do País –, sete commodities respondem hoje metade do valor das exportações brasileiras.
A 4ª Revolução Industrial, também conhecida como Indústria 4.0, deve abalar o mercado de trabalho no Brasil. Graças à crescente utilização de robôs e da inteligência artificial nos mais diversos serviços, cerca de 30 milhões de empregos formais devem ser eliminados até 2026. É o que aponta um estudo inédito do Laboratório de Aprendizado de Máquina em Finanças e Organizações da Universidade de Brasília (UnB).
Na sequência do recuo de 1,8% em setembro, a produção industrial praticamente não saiu do lugar em outubro, quando registrou um avanço de míseros 0,2%, estacionando num nível inferior ao verificado em abril deste ano. A situação deverá se agravar no governo de Bolsonaro, onde Paulo Guedes, futuro minstro da Economia, valoriza os banqueiros e despresa a indústria nacional.
Estudo do Fundo Monnetário Internacional (FMI) mostra importância de políticas públicas para inovação.
Na disputa entre a indústria e o mercado financeiro no interior do governo Jair Bolsonaro, os trabalhadores podem levar a pior. Insatisfeito com o projeto da futura gestão de incorporar o Ministério de Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic) ao Ministério da Economia, o setor produtivo sugeriu a criação do Ministério da Produção, Trabalho e Comércio. Caso a pressão surta efeito, a nova pasta deverá desequilibrar ainda mais a já desigual ralação entre capital e trabalho.
“Vamos salvar a indústria brasileira, apesar dos industriais brasileiros”, afirmou Paulo Guedes, futuro ministro da Economia anunciado porJair Bolsonaro. Para isso o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic) deixará de existir. Para o analista político Marcos Verlaine e sindicalistas, o movimento do novo governo pode ser um golpe para a indústria. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) criticou a decisão.
Por Railídia Carvalho
O setor produtivo brasileiro está preocupado com o descaso do candidato Jair Bolsonaro (PSL) com a indústria nacional. Para representantes de entidades da área, o postulante só dialoga com o setor financeiro e há incertezas em relação a itens de seu programa de governo.
O Brasil tem um grande desafio para as próximas décadas: modernizar seu parque produtivo para superar as pressões externas e internas de que o Brasil siga na condição de mero exportador de matérias-primas – também chamadas de commodities. Por isso, o Plano de Governo de Haddad propõe fomentar a reindustrialização com uma alta taxa de investimento, valorizando também as commodities, mas sem deixar que determinem a economia do país.
O Instituto Trabalho, Indústria e Desenvolvimento (TID-Brasil) lançou, na última sexta-feira (14), um documento que traça um plano para fortalecer a indústria nacional nos próximos dez anos. O objetivo é defender uma política industrial alinhada com a preservação do meio ambiente, promover o desenvolvimento regional e empregos de qualidade.