O presidente Michel Temer deixou escapar um “segredo” em discurso para empresários e investidores nos EUA: o impeachment de Dilma Rousseff ocorreu para implementar um plano de governo radicalmente diferente do que foi votado nas urnas em 2014, quando o PT ganhou a presidência pela quarta vez, e não por irregularidades praticadas pela ex-presidente.
Por Inacio Vieira, do Intercept Brasil
“O governo Temer é o governo mais perigoso para os trabalhadores brasileiros desde o início da Nova República”, afirma Guilherme Boulos, em relação às Diretas Já. Em entrevista a TV Carta, o membro da coordenação do MTST fala sobre a viabilidade da proposta e os retrocessos da gestão atual.
A jornalista Hildegard Angel criticou, pelas redes sociais, o pouco destaque dado pela imprensa à notícia de que delegações de seis países levantaram e deixaram o local da Assembleia Geral das Nações Unidas no momento da fala de Michel Temer.
A proposta de reforma do ensino médio que o governo de Michel Temer deve enviar ao Congresso nos próximos dias, em forma de medida provisória, tem tudo para repetir fórmulas fracassadas dos tempos do governo Fernando Henrique Cardoso, baseadas no empobrecimento da formação para baratear os custos. Esta é a expectativa do professor do Departamento de Educação do campus de Assis da Universidade Estadual Paulista (Unesp) Carlos da Fonseca Brandão.
O ministro-chefe da Secretaria de Governo de Michel Temer e responsável pela articulação política, Geddel Vieira Lima, afirmou que caixa dois não é crime e que quem se beneficiou deste mecanismo no passado não pode ser penalizado.
De acordo com levantamento divulgado pela empresa mexicana Consulta Mitofsky na segunda-feira (19), Michel Temer é o penúltimo colocado entre os líderes mais bem avaliados do continente americano. O peemedebista, que apresenta 14% de aprovação, só aparece à frente de Luis Guillermo Solís, da Costa Rica, com 10%.
Michel Temer discursou na abertura da 71ª Assembleia Geral da ONU, em Nova York, nesta terça-feira (20). Ocupando ilegitimamente o cargo de presidente, Temer foi o primeiro a discursar entre os chefes de Estado na assembleia da ONU, porque é uma tradição o presidente brasileiro abrir a reunião.
Em seu primeiro discurso na Organização das Nações Unidas como presidente do Brasil, nesta segunda (19), Michel Temer afirmou que “o acolhimento de refugiados é uma responsabilidade compartilhada”, defendeu a solução negociada de crises políticas para prevenir o deslocamento forçado – e inflou os dados sobre refugiados no país, afirmando que o Brasil recebeu 95 mil pessoas sob este status, enquanto o próprio governo contabiliza 8.800 refugiados.
A despeito de toda a torcida dos veículos de comunicação que se engajaram no projeto Temer-Meirelles, a economia brasileira segue em estado de apatia absoluta.
O racha dentro das forças que apoiaram o impeachment fica mais claro a cada dia. Nesta segunda (19), foi a vez do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), externar suas divergências em relação à gestão Michel Temer. Em debate na Bovespa, ele teceu críticas à Proposta de Emenda Constitucional 241, que limita o crescimento dos gastos públicos e é considerada prioritária pelo governo federal. Para Alckmin, a medida pode acabar com o investimento público e sobrecarregar estados e municípios.
Dentro da já polêmica e ainda desconhecida reforma trabalhista que o governo Temer quer promover, uma medida é símbolo do retrocesso que se tenta impor aos trabalhadores. Para agradar ao empresariado, a gestão defende a aprovação de um projeto que “flexibiliza” a CLT e permite que acordos entre sindicatos e empresas se sobreponham à legislação. Relator da matéria, o deputado federal Orlando Silva (PCdoB) diz que a proposta é “perversa”, ameaça direitos e só atende aos interesses do capital.
A cassação de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) continuar a produzir efeitos. Cunha já elegeu o seu primeiro alvo, Moreira Franco, secretário executivo do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) e braço direito de Michel Temer.