O golpe de Estado que confiscou o mandato da presidente Dilma Rousseff e feriu de morte a soberania do voto, pedra angular da democracia representativa, não se consumou no dia 31 de agosto, quando o Senado Federal, prostrando-se de cócoras para ficar no mesmo nível da Câmara dos Deputados do dia 17 de abril, votou o impedimento.
Por Roberto Amaral*, em seu blog
As frentes Povo sem Medo e Brasil Popular, organizações compostas por entidades dos movimentos sociais e protagonistas na luta contra o golpe, sairão às ruas nesta quinta-feira (8), na capital paulista, para somar forças ao movimento contra o impeachment, que ganha cada vez mais força e adesão. Uma enquete realizada na página Senado apontou que 90% dos brasileiros querem novas eleições, por não se sentirem representados pelo presidente ilegítimo Michel Temer.
Durante as manifestações ocorridas após o asfastamento definitivo de Dilma da presidência, as reivindicações pelo "Fora Temer" e "Diretas Já" ganham cada vez mais força nas ruas. Neste último domingo (4), na Avenida Paulista, palavras de ordem e cartazes mostravam o descontentamento dos brasileiros, que não aceitam o golpe parlamentar que anulou o voto e a voz de milhares de brasileiros.
O Senado deu início a uma consulta pública para saber se os brasileiros querem novas eleições presidenciais. Por meio de uma enquete na página oficial do parlamento, 93% das pessoas consultadas afirmaram que querem a realização de novas eleições para presidente já em outubro, em conjunto com as eleições municipais.
Uma consulta pública no portal do Senado Federal, com a proposta de ocorrer novas eleições chegou neste sábado (3) com 90% dos participantes favoráveis a novas eleições presidenciais antes de 2018. A consulta refere-se a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 20/2016. O projeto antecipa o pleito para substituir Michel Temer.
Às vésperas da divulgação da carta da presidenta Dilma Rousseff à população propondo a realização de plebiscito sobre a convocação de eleições presidenciais, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, voltou a se comportar como porta-voz do governo de Michel Temer (PMDB) e resolveu criticar a proposta que tem apoio da maioria da população.
Para 61% dos entrevistados, seria melhor para o Brasil se novas eleições fossem convocadas antes de 2018, segundo pesquisa CartaCapital/Vox Populi. Os questionamentos foram respondidos por 1.500 pessoas em 97 municípios de todo o Brasil, entre 29 de julho e 1º de agosto. A margem de erro é de dois pontos percentuais para cima ou para baixo.
Afirmar que os direitos sociais e trabalhistas garantidos pela Constituição extrapolam o orçamento federal, como se tem feito, é o mesmo que dizer que o povo não cabe nas contas do governo ou que a prática democrática não serve ao Brasil porque onera os cofres públicos. Afinal, assegurar proteção social e direitos básicos, principalmente aos segmentos mais pobres, é a essência do que se entende por um Estado democrático. É o que pensa o economista e professor da FGV Luiz Carlos Bresser-Pereira.
Pesquisa de opinião realizada pela Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil de São Paulo (CTB-SP), no centro da capital paulista, revelou que a maioria dos entrevistados (57%) é a favor da realização de novas eleições para presidente da República. O “não” recebeu 24,8% dos votos.
Em entrevista a Paulo Henrique Amorim, do blog Conversa Afiada, a presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE), Carina Vitral, faz um balanço do contexto político que o Brasil vive e defendeu a bandeira de novas eleições presidenciais para reestabelecer a democracia no Brasil, "Nossa ideia é convocar plebiscitos nas universidades questionando se deve ocorrer novas eleições para solucionar a crise política?"
Em sua passagem pela Capital para participar do Congresso Estadual de Advogados Trabalhistas do Rio grande do Sul, na última quinta-feira (16), o ex-presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Cezar Britto defendeu a realização de um plebiscito com o fim de consultar os eleitores sobre a antecipação ou não das eleições presidenciais ainda em 2015.
A presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE), Carina Vitral, afirma que as organizações que compõem a Frente Brasil Popular (FBP) estão debatendo a proposta do plebiscito e possível nova eleição presidencial para chegar a uma posição unitária. “A gente precisa fazer um processo de consenso progressivo. Debater bastante para chegar a um consenso”, diz.
