Povo quer plebiscito, mas Mendes diz que é "brincadeira de criança"

Às vésperas da divulgação da carta da presidenta Dilma Rousseff à população propondo a realização de plebiscito sobre a convocação de eleições presidenciais, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, voltou a se comportar como porta-voz do governo de Michel Temer (PMDB) e resolveu criticar a proposta que tem apoio da maioria da população.

Gilmar Mendes e Michel Temer

Apesar da ampla maioria dos brasileiros – segundo pesquisa Vox Populi, 79% – defender novas eleições, Gilmar Mendes afirma que a proposta de consulta popular para decidir os rumos do Brasil, diante da grave crise política, é “brincadeira de criança”. Ele ainda afirmou que, caso Dilma consiga reverter o processo de impeachment na votação final do Senado, não deverá conseguir aprovar a proposta no Congresso.

A declaração de Gilmar foi dada em Recife, durante participação de um evento no Tribunal Regional Federal da 5ª Região, nesta segunda-feira (15). Ele tentou argumentar que não há previsão na Constituição por novas eleições, mas ao mesmo tempo disse que a realização um plebiscito seria mais um “embate político”.

“A questão do plebiscito teria que passar por uma emenda e teria que ter sua constitucionalidade verificada pelo próprio STF. Na realidade, isso parece muito mais um embate político. Isto é um pouco uma brincadeira de criança”, disse.

Como sempre, Gilmar foge da questão jurídica para fazer comentário com base em suas posições políticas. Ele disse acreditar que a realização de um plebiscito não encontraria apoio no Congresso mesmo com uma possível volta de Dilma. “A presidente Dilma, na Câmara, teve 140 votos. Se ela tivesse tido 171 teria impedido o impeachment. Ela agora vai conseguir três quintos para aprovar uma emenda constitucional na Câmara e depois no Senado? Respondam vocês mesmos”, afirmou.

E fez questão de demonstrar a sua parcialidade, para não restar dúvidas: “Muitas dessas lutas e dessas referências que se faz, plebiscito e novas eleições, acho que a gente tem que fazer uma leitura mais política que jurídica. Porque, claro, em caso de impeachment, o presidente é substituído pelo vice. Então, me parece que se confirmando o impeachment, a solução é a assunção do vice e a vida segue”.