Para Eugênio Aragão, o ministro da Justiça, o país vive um claro processo de degradação que atualmente atinge as instituições. Ele cita como exemplo a restrição ao direito de greve dos servidores públicos, decidida pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou o corte de ponto dos grevistas; e a decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), segundo a qual a Lava Jato não precisa seguir as regras dos processos comuns, pois "trazem problemas inéditos e exigem soluções inéditas".
Os procuradores da Lava Jato Deltan Dallagnol e Orlando Martelo usaram um espaço opinativo na Folha de S. Paulo, neste domingo (30), para dizer que a Lava Jato não investigou, até aqui, apenas PT, PMDB e PP porque assim queria, mas porque esses partidos apoiaram os últimos governos, de Lula e Dilma Rousseff. A justificativa é uma resposta às críticas de que a operação tem feito perseguição política e partidária.
Em entrevista à agência Reuters, o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, da força-tarefa do Ministério Público Federal (MPF) na Lava Jato, disse repetidamente que "não há acordo com a Odebrecht, nem com indivíduos nem um acordo (de leniência) com a empresa", mas depois afirmou que o conteúdo das delações pode agravar a crise política, já que envolvem pessoas que já foram ou são do governo de Michel Temer (PMDB).
Diferentemente das delações que tinham o PT como alvo, as informações sobre a delação dos executivos da Odebrecht na Lava Jato parecem estar guardadas a sete chaves. Há algum tempo a imprensa especula sobre os nomes citados na delação. Agora, em reportagem da Folha de S. Paulo desta sexta-feira (28), eis que um nome reaparece na delação premiada da empreiteira, cujo acordo foi fechado nesta semana: o tucano José Serra (PSDB), ministro das Relações Exteriores de Michel Temer (PMDB).
Pelas redes sociais, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva rebateu a notícia requentada da Lava Jato propagada como notícia nova pela grande mídia desde segunda-feira (24), de que Lula é o "Amigo de EO [Emílio Odebrecht]" que consta numa planilha apreendida e analisada pela Polícia Federal para dar corpo a uma investigação contra o ex-ministro Antonio Palocci.
Na sexta-feira (21), quando a Polícia Federal prendeu quatro policiais legislativos do Senado e apreendeu uma série de equipamentos, o ministro-chefe da Casa Civil e braço direito de Michel Temer, Eliseu Padilha (PMDB), disse que o Brasil “vive um clima de absoluta normalidade institucional”, com os três poderes funcionando “com independência e harmonia”.
Em entrevista ao Sul21, o professor de direto Constitucional da PUC, Pedro Estevam Serrano, afirmou que vivemos em um estado de exceção no Brasil em que o sistema de justiça está substituindo o papel que os militares desempenhavam na interrupção de democracias.
Onde estão os democratas? Faço essa pergunta diante da perseguição judicial de que está sendo vítima o ex-presidente Lula. Uma perseguição que tem como protagonistas o juiz Sérgio Moro e os procuradores do Ministério Público Federal organizados sob a forma de "força tarefa".
Por Luiz Carlos Bresser-Pereira
Um pesquisa da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), divulgada nesta quinta-feira (20), aponta que 39,6% dos brasileiros acredita que a Operação Lava Jato traz benefícios para o Brasil, mas que está sendo conduzida de maneira parcial.
Enquanto o consórcio da direita faz o discurso de que a Lava Jato é um exemplo de combate à impunidade e, em nome dessa suposta luta, as prisões preventivas são instrumentos banalizados, o juiz federal Sérgio Moro determinou nesta quinta-feira (20), dois dias depois de prender Eduardo Cunha (PMDB-RJ), determinou soltura do doleiro Alberto Youssef, um dos principais delatores da Lava Jato, para que cumpra prisão domiciliar.
Eduardo Cunha, que foi peça-chave para articular o golpe contra o mandato da presidenta Dilma Rousseff, foi preso nesta quarta-feira (19) em Brasília, pela Polícia Federal que fez busca e apreensão em sua casa no Rio de Janeiro.
O juiz federal Sérgio Moro, responsável pela Lava Jato na primeira instância, recebeu nesta terça-feira (18) a denúncia do Ministério Público Federal contra os executivos Ildefonso Colares Filho, ex-diretor do grupo Queiroz Galvão, e Erton Medeiros, empresário ligado à Galvão Engenharia, na Operação Lava Jato.