Justiça entende que ação de R$ 25 bilhões contra empresa inglesa BHP Billiton é abusiva
Rompimento de barragem que levou 20 vidas, destruiu uma vila e encheu o Rio Doce e o mar de lama da mineração, deixou tudo ainda por reconstruir
Três anos após o rompimento da Barragem de Fundão, no município de Mariana (MG), vítimas do crime da Samarco (Vale/BHP Billiton) seguem sem reparação. Vera Lúcia Aleixo Silva, que saiu da casa onde morou por 43 anos levando apenas a roupa do corpo, no dia em que comemoria o próprio aniversário, o do marido e o do filho, foi uma das atingidas pelo rompimento da barragem de rejeitos de minério de ferro pertencente a empresa Samarco, controlada pela Vale e BHP Billiton
As vítimas do crime ambiental da Samarco, que devastou o Rio Doce e suas margens, realizam manifestações ao longo do curso do rio de 650 km a partir deste domingo (4). Na segunda-feira (5), o crime completa três anos, sem resposta real da Justiça e sem punição das empresas.
Foi prorrogado mais uma vez o prazo para que a mineradora Samarco e as suas acionistas Vale e BHP Billiton assinem um acordo com o Ministério Público Federal para reparação de danos provocados pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, Minas Gerais. O documento pode ser assinado até o dia 25 de junho deste ano. A decisão é da 12ª Vara Federal de Minas Gerais.
Mais de dois anos após o rompimento da barragem da mineradora Samarco, em Mariana (MG), quase 30% dos atingidos sofrem com depressão. O percentual é cinco vezes superior ao constatado na população do país. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2015, 5,8% dos brasileiros tinham depressão (11,5 milhões de pessoas).
Para o médico Thiago Henrique Silva, o crime de Mariana (MG) é considerado cientificamente uma das principais causas do surto. Não é apenas ele que defende essa teoria, o infectologista Eduardo Massad, da Universidade de São Paulo (USP), também acredita que o desastre de Mariana catalisou a reprodução em massa desses mosquitos e proporcionou o aumento de casos de febre amarela.
Fernando Coelho Filho, da pasta de Minas e Energia, também disse que o povo brasileiro erra em não se orgulhar da atividade de mineração no país.
Integrantes do Movimento dos Atingidos por Barragens protestaram contra lentidão no julgamento do caso. Quase dois anos após uma das maiores tragédias ambientais do país, vítimas ainda esperam resultado de processo, que está parado na Justiça.
O jornal francês Le Monde caracterizou em reportagem que a suspensão do processo contra a empresa pela justiça brasileira é um retrato de como o Brasil é refém da mineração e do agronegócio. Thiago Alves, porta-voz do Movimento dos Atingidos por Barragens falou ao jornal
Ibama e governos de MG e ES aplicaram 68 multas, que totalizam 552 milhões de reais. Apenas a entrada de uma, parcelada em 59 vezes, foi paga. Empresa recorre das outras
O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) publicou nesta sextra-feira (8) uma nota na qual repudia a suspensão do processo contra a empresa Samarco, responsável pelo desastre ambiental de Mariana em novembro de 2015; apesar de promessas, Estado parece recuar
Por Alessandra Monterastelli *