"Decisão sobre Samarco é retrato de país refém de interesses"

O jornal francês Le Monde caracterizou em reportagem que a suspensão do processo contra a empresa pela justiça brasileira é um retrato de como o Brasil é refém da mineração e do agronegócio. Thiago Alves, porta-voz do Movimento dos Atingidos por Barragens falou ao jornal 

a catástrofe ecológica no Rio Doce - Fred Loureiro

Matéria publicada pelo Le Monde nesta quinta-feira (10) analisa a decisão da justiça brasileira sobre suspender o processo sobre a tragédia que ocorreu no dia 5 novembro de 2015, no Estado de Minas Gerais, causado pela ruptura de uma barragem de mineração operada pela empresa Samarco, que despejou mais de 40 milhões de metros cúbicos de lama carregada de metal no Rio Doce, destruindo a fauna, flora, matando 19 pessoas e acabando com a singela paisagem da pequena aldeia de Bento Rodrigues, além de devastar outros quarenta municípios.

A reportagem descreve que ao ouvir a notícia, Thiago Alves, porta-voz do Movimento dos Atingidos por Barragens (Movimento de Vítimas de barragens, MAB) olhou para o céu desgostoso, enojado, mas não surpreso com a decisão da justiça brasileira, de suspender o processo penal por crime ambiental e homicídio para os acusados ​​da tragédia do Rio Doce.

Para Thiago a decisão é mais uma demonstração da complacência da justiça com os responsáveis ​​por este desastre. É também um sintoma da um país á deriva, refém de um sistema de interesses dos setores de mineração, silvicultura e agronegócio.

"Há provas suficientes para a condenação", disse Rodrigo Bustamante, o chefe de polícia.

A origem da interrupção brusca do processo, iniciado pelo advogado de dois dos réus, Ricardo Vescovi Kleber e Terra, respectivamente ex-presidente da Samarco e ex-diretor das operações de mineração da empresa, alega o uso de provas ilegais, informa Le Monde.