Governo oferece acordão com PSDB para manter Temer até 2018

O governo Michel Temer já tem um plano para se manter respirando até 2018, e ele passa por uma negociação com o PSDB, que precisa dar sustentação à base aliada para que o peemedebista consiga aprovar as reformas impopulares.

Michel Temer - Beto Barata/PR

Segundo reportagem publicada pela Folha desta sexta (26), Temer aproveita que não há consenso em torno de um nome para substitui-lo em caso de eleição indireta e oferece ao tucanato a extensão da parceria pelo menos até o ano que vem – quando seria natural que o PSDB se afastasse por causa da eleição de outubro.

Na visão do grupo de Temer, o cenário é o seguinte: a oposição liderada pelo PT não tem os votos necessários para aprovar qualquer um dos pedidos de impeachment que estão na Câmara. Renúncia em função do escândalo da JBS não é opção para Temer, que corre o risco de ser preso. Sobra, para os estusiastas da saída do peemedebista, a cassação pelo Tribunal Superior Eleitoral.

Mas, segundo Folha, Temer pretende mexer os pauzinhos, dentro do próprio TSE, para empurrar a cassação ao máximo. Depois, se for derrotado, vai entrar com recurso no Supremo Tribunal Federal. Quando sair uma decisão final da Justiça, acredita que já estará em 2018.

"Quem articula o pós-Temer dá como certa a cassação do peemedebista pelo TSE no julgamento marcado para 6 de junho. O Planalto, por sua vez, diz que pode protelar o processo com o pedido de vista de um dos ministros indicados por Temer: Admar Gonzaga ou Tarcísio Vieira. Além disso, a equipe do presidente trabalha com uma série de recursos que podem ser apresentados no próprio TSE e no STF caso a defesa do seja derrotada. Nesse cenário, o presidente permaneceria no cargo até uma decisão final da Justiça."

Nesse contexto é que Temer tenta seduzir o PSDB com a aprovação das reformas trabalhista e previdenciária, que muito interessam ao tucanato. Dessa maneira, o partido hoje liderado por Tasso Jereissati pode disputar 2018 "sem a necessidade de implantar medidas consideradas impopulares".

Jereissati, aliás, é o nome do PSDB, ao lado de FHC, para concorrer em eventual eleição indireta. Ontem, a revista Piauí revelou que o ex-ministro Nelson Jobim rechaçou a possibilidade de entrar na disputa.

O julgamento da ação de cassação da chapa reeleita em 2014 está marcado para o dia 6 de junho. Ontem, a Folha também publicou que ministros do TSE sentem o peso da pressão em função da crise e já discutem internamente um pedido de vistas. O presidente da Corte, Gilmar Mendes, tem se comportado como uma "esfinge": nada mais diz a respeito do processo.