Ex-cangaceiros revivem no teatro o bando de Lampião em BH

Durante a apresentação do espetáculo "Lampiãozinho e Maria Bonitinha", nesta quinta-feira, no Centro Cultural Alto Vera Cruz, dois ex-cangaceiros voltaram quase 70 anos no tempo. José Antonio Souto, conhecido co

José Antonio e Durvalina moram no Jardim Tupi, região Norte de Belo Horizonte. Pela primeira vez eles assistiram a uma peça teatral. Encantados, não desgrudaram os olhos do palco e dos atores que encenaram o cotidiano dos cangaceiros do sertão brasileiro.

De poucas palavras, José Antonio, de 96 anos, ficou emocionado e destacou duas partes em especial: o repente cantado pelos atores e a cena que mostra o fim do grupo de Lampião. O casal promete retornar no sábado, para assistir a outra apresentação da peça.

“Adoramos a peça, foi muito emocionante. Meus pais nunca tinham vivido uma experiência com essa”, diz a filha do casal Neli Maria da Conceição, que em março deste ano visitou o sertão de Sergipe, Alagoas, Bahia e Pernambuco para conhecer, 70 anos depois, a terra em que viveram seus pais. “Pude conhecer a casa de meu avó, onde o bando de cangaceiros se reunia”.

De acordo com o autor do texto, Léo Mendonça, os convidados ilustres aprovaram a peça e acrescentaram novas informações para o atores. “Pesquisamos muito para fazer a peça, mas eles trouxeram ainda mais informações sobre como era a organização dos bandos do cangaço”.

Contada de forma lúdica, a peça teatral faz uma adaptação do cangaço para o mundo dos insetos e faz alusões a fatos, costumes e curiosidades da época. O texto do espetáculo, que estreou em Belo Horizonte em 2005, foi premiado pela Fundação Nacional de Arte (Funarte), do Ministério da Cultura.