Marcha de abertura do 2º FSB deixa feridos em Recife

A marcha de abertura do 2º Fórum Social Brasileiro terminou em confronto que deixou feridos policiais militares pernambucanos, integrantes de organizações sociais rurais como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e c

Depois de andarem pela Rua Conde de Boa Vista, por volta das 18 horas, os cerca de 6 mil participantes, segundo os organizadores do fórum, agruparam-se no Largo do Carmo, no centro da cidade, para um ato público que seria seguido de apresentações culturais.

Segundo João Paulo Rodrigues, da coordenação nacional do MST, policiais estavam entre os participantes do ato, na tentativa de prender Ivaldo Santos, do MST pernambucano. Ele teria enfrentado os policiais durante a passeata, pedindo-lhes que não passassem com as motocicletas pois havia crianças, os "sem-terrinha", entre os que desfilavam. De acordo com outra versão, em apuração pela PM, o sem-terra buscado pelos policiais teria derrubado da moto um policial. E uma terceira versão, do tenente-coronel Éden Vespasiano, assessor de comunicação da PM, aponta que os policiais buscavam na multidão um assaltante.

Ao tentar prender a pessoa com violência, conta João Paulo, os policiais foram agredidos pelos agricultores e, em meio aos manifestantes, para se proteger, sacaram suas pistolas para dar tiros para o ar. Acabaram por atingir a mão de Jaime Amorim, o que fez provocou maior reação dos sem-terra. Segundo João Paulo, os policiais quase foram "linchados".

Dezenas de sem-terra perseguiram, prenderam e começaram a espancar os policiais. Pelo menos dois deles sacaram das pistolas e deram tiros para o alto, para afastar os manifestantes, sendo atacados com paus e pedras. Com a intervenção das lideranças do movimento, os PMs puderam chegar até as viaturas para sair dali. Jaime Amorim subiu ao carro de som para mostrar que estava bem e pedir que os policiais não fossem agredidos. "Esses não são nossos maiores inimigos", dizia. Enquanto perseguiam os policiais, alguns manifestantes diziam: "Balearam Jaime".

Segundo o secretário de Defesa Social de Pernambuco, Rodney Miranda, há confirmação de dois policiais gravemente feridos: o capitão Dimerson Mendes, cuja pistola desapareceu na confusão, e o soldado Antony Jurema Veríssimo, que teria sofrido lesão na clavícula, mas já foi liberado. Além deles, o cinegrafista da TV Independente Mangue, Fábio Pereira, e o assentado Severino Melo Filho, também registraram ocorrência contra a ação policial. Pereira disse ter sido espancado. Melo Filho foi ferido a bala.
 
O secretário acrescentou que o episódio será apurado, por meio de inquérito policial, e que as testemunhas devem começar a ser ouvidas hoje mesmo. "Se houve abuso de um lado ou de outro, vamos apurar", afirmou. Segundo ele, nâo têm ocorrido confrontos desse tipo com os sem terra. No estado, de acordo com dados do MST, 25 fazendas estão ocupadas apenas pelos sem terra. Há outros movimentos de luta pela reforma agrária que recorrem às ocupações como tática.

João Paulo Rodrigues, do MST, considerou a ação "desnecessária", mas negou que haja animosidade entre a polícia e os sem-terra: "Há uma tensão permanente aqui no estado, mas essa foi uma ação isolada, de dois policiais". O secretário Rodney Miranda também negou que esse tipo de episódio seja comum: "Basta ver que executamos diversas reintegrações de posse este ano em fazendas ocupadas e não houve confrontos".
 
Da Redação
Com agências.