Alfabetização Quilombola entrega 400 diplomas no Norte de Minas

As comunidades quilombolas da região de Gorutuba, Norte de Minas Gerais, estão em festa. Em Janaúba, 400 alunos do projeto-piloto Alfabetização Quilombola comemoraram esta semana a conclusão do curso, com uma cerim

A partir de maio, os alunos começam a freqüentar aulas para incentivar a leitura e a continuidade do aprendizado. Inspirado no pensamento de Paulo Freire, o programa é baseado nos princípios da educação libertadora e na aprendizagem dialógica, que permite a alunos e professores ensinar e aprender. Temos o cuidado de capacitar alfabetizadores entre os jovens da própria comunidade, pois isso evita choques culturais e possibilita abordar, nas aulas, assuntos e questões relacionados ao cotidiano do gorutubano , diz Jacques Pena, presidente da Fundação Banco do Brasil.

Segundo Pena, os 400 quilombolas que concluíram o curso de alfabetização aprenderam muito mais do que somente ler e escrever. Eles aprenderam a se enxergar como cidadãos e agentes de mudança, o que estimulará a discussão e implantação de alternativas econômicas, sociais e políticas para o desenvolvimento da comunidade . Implementado em 25 comunidades quilombolas, o projeto também contou com a consultoria técnica do antropólogo Aderval da Costa Filho e do Instituto Socioambiental (ISA), além do apoio de uma rede social formada por voluntários e diversas associações da região.

O Alfabetização Quilombola permitiu ainda que os gorutubanos recebessem diagnósticos oftalmológicos e, em caso de necessidade, óculos gratuitos. Além disso, a Fundação Banco do Brasil atua como parceira da comunidade na implantação de hortas comunitárias e no projeto de captação e distribuição de água. O investimento da Fundação nesses projetos foi de R$ 725 mil.

História

O povo gorutubano divide-se em 27 comunidades, que somam cerca de 6.500 pessoas. Remanescente de quilombos, a população da região vive no Vale do rio Gorutuba desde o Século XVIII. Vítimas de um enorme processo de expropriação, deflagrado nos anos 40 e intensificado a partir da década de 70, os gorutubanos ocupam hoje pequenas frações de terra, em meio a grandes fazendas de pecuária extensiva. Essa situação faz com que muitos deles plantem em terras emprestadas ou arrendadas, enquanto a maioria restringe suas atividades de subsistência aos quintais de suas casas, criando suínos, caprinos e aves


 
Fonte Diário da Tarde.