Colômbia: Continua campanha do Estado contra movimento estudantil

A Associação Colombiana de Estudantes Universitários (Aceu), diante das reiteradas informações que circulam nos meios de comunicação que apontam perigosamente, de maneira geral, o movimento estudantil universitário e em particular a organizações como a Juventude Comunista (Juco) de estarem vinculadas com organizações guerrilheiras, expressa sua preocupação e faz um chamado a todas organizações sociais e políticas rechacem esse tipo de atuação que põe em perigo a integridade física dos dirigentes universitários.

A esta situação se soma a perseguição que acontece hoje a dez estudantes detidos na cidade de Ibagué, entre os quais se encontram membros de nossa organização. Na Colômbia, o movimento popular começa a construir uma trajetória de mudanças que permita superar as desigualdades que se apresentam em nosso país, mas enfrenta uma campanha que busca reprimir, estigmatizar, judicializar e perseguir as organizações e dirigentes que se encontram a frente deste processo de mudanças.

O movimento estudantil e em particular a Aceu, é um dos setores mais dinâmicos deste movimento popular, se destacando em amplas ações de rechaço à política econômica e social do governo Uribe, em particular contra sua política de privatização e mercantilização da educação superior e contra sua reeleição. Nenhuma dessas ações está fora dos direitos e garantias que oferece o Estado Social de Direito que pelo menos de maneira forma existe em nosso país.

A campanha de desinformação e acusadora que inicia depois do assassinato do estudante Oscar Salas por parte do Esquadrão Móvel Anti-distúrbios da Polícia (Esmad) em 8 de março deste ano, busca não apenas justificar as agressões que se tem cometido por parte da força pública e do Estado colombiano contra os estudantes universitários, como assassinatos, seqüestros e prisões sem justa causa, senão que ainda preparam uma investida que desarticule um setor social tão importante como os estudantes universitários, que em sua maioria se encontram em oposição ao governo de Uribe, às vésperas das eleições presidenciais onde o atual presidente pretende prolongar seu mandato de autoritarismo e medo.

Chamamos todas as organizações sociais, de direitos humanos, nacionais e internacionais a se pronunciar contra estes fatos, exigindo por parte do Estado o respeito às liberdades democráticas e a responsabilidade de salvaguardar as organizações e dirigentes estudantis; e a exigir a necessária retificação dos meios. Nos declaramos em estado de alerta diante o que possa passar nos próximos dias e desde já alertamos à comunidade nacional e internacional sobre a grave situação dos estudantes universitários e possíveis agressões contra eles.

Bogotá, 21 de abril de 2006