PCdoB/MS convoca Convenção e recebe Delcídio Amaral

O Comitê Estadual do Partido Comunista do Brasil de Mato Grosso do Sul reuniu-se durante o feriado de Tiradentes para debater o quadro político, convocar a sua Convenção Eleitoral e receber o pré-candidato a governador pelo Part

O Comitê Estadual do Partido Comunista do Brasil de Mato Grosso do Sul reuniu-se durante o feriado de Tiradentes para debater o quadro político, convocar a sua Convenção Eleitoral e receber o pré-candidato a governador pelo Partido dos Trabalhadores, senador Delcídio Amaral, que esteve acompanhado do presidente do PT-MS, Mariano Cabreira.

Quase toda a manhã foi ocupada por uma conversa fraterna e descontraída entre Delcídio e os dirigentes comunistas, que trocaram impressões sobre a realidade política do país e do Estado. O senador afirmou que a reeleição de Lula é necessária para que o país continue caminhando na direção do crescimento econômico, e ressaltou que os programas sociais do governo federal trouxeram importantes melhorias para a parcela mais carente da população. Defendeu também as conquistas dos dois mandatos do governador Zeca do PT do ponto de vista político, econômico e social, e disse que sua candidatura apresentará um projeto de desenvolvimento sustentável para Mato Grosso do Sul.

O presidente do PCdoB-MS, Moacir Abreu, afirmou que Delcídio é a melhor alternativa para comandar o processo de desenvolvimento de Mato Grosso do Sul. "O senador é um homem experiente, de diálogo, identificado com as causas verdadeiramente populares. Ele vai dar continuidade aos programas sociais desenvolvidos pelo governador Zeca do PT e o presidente Lula, conhece bem o Estado e o Brasil e tem idéias modernas sobre como é possível promover o crescimento econômico e gerar empregos, ao mesmo tempo em que se garante a inclusão social”, disse.

"Sinto-me honrado com o apoio do partido, que tem uma tradição de luta em favor do povo brasileiro. Vou continuar trabalhando para corresponder à confiança que o PCdoB deposita em meu nome e quero contar com todos os seus dirigentes e militantes na construção de um projeto que, com certeza, vai mudar o perfil econômico e social de Mato Grosso do Sul", disse o senador, retribuindo o apoio sinalizado pelos comunistas sul-mato-grossenses.

Na parte da tarde, a reunião convocou a Convenção Eleitoral Estadual do PCdoB-MS para o dia 24 de junho e normatizou o processo de realização das Convenções Eleitorais Municipais. Foi também aprovado o anteprojeto de Resolução Política que será apresentado à Convenção Estadual, e que agora passa a ser debatido no âmbito das Organizações de Base e dos municípios.

Sobre as pré-candidaturas do Partido, foram referendados os seguintes nomes: Iara Gutierrez Cuellar (professora e dirigente estadual do Partido), para deputada federal, Erisvaldo Batista Ajala (professor e presidente do Partido em Dourados), para deputado federal ou estadual, Orivaldo Mundim “Neto” (dirigente estadual do Partido, da UJS e sindicalista), Luiz da Conceição (dirigente estadual do Partido e liderança dos trabalhadores rurais) e Amarildo Moreira (presidente do Partido em Chapadão do Sul), para a Assembléia Legislativa.

De Campo Grande-MS,
Mario César Fonseca da Silva

 

Segue adiante o anteprojeto de Resolução Política aprovado pelo CE-MS:


Anteprojeto de Resolução Política do PCdoB-MS à Convenção Eleitoral Estadual  

01 – O imperialismo norte-americano – inimigo principal de uma alternativa soberana para os povos – encontra-se num período de grandes dificuldades na aplicação de sua política hegemonista e belicista, tendo de recorrer a manobras e flexões táticas que podem permitir em certa medida maior ousadia na frente da luta antiimperialista. As vitórias de um conjunto de forças de esquerda e progressistas que assumiram os governos nacionais de vários países em nosso subcontinente, conformou um novo ciclo político  avançado na América Latina, e criou um quadro favorável ao campo de esquerda no Brasil.

02 – A oposição conservadora, que de tudo fez para asfixiar o governo e que já prognosticava uma volta fácil ao centro do poder, tornou-se temerosa, dividida e destemperada, apelando para tentativas recorrentes que visam atingir a todo custo a integridade do presidente da República como último recurso para tentar barrar a possibilidade de reeleição de Lula, que segue favorito, segundo as pesquisas, apesar dos ataques sujos do poder paralelo formado pelo conluio oposicionista-midiático. As forças retrógradas de tudo farão para retornarem ao centro do poder e retomarem a aplicação do modelo neoliberal no Brasil, baseado em medidas como as privatizações, a retirada de direitos sociais e a volta das negociações para a implantação da ALCA. Não podemos esquecer quem foram tais forças, capitaneadas pela dupla PSDB/PFL, que privatizaram o patrimônio público nacional de maneira fraudulenta, sucatearam o nosso parque industrial, multiplicaram as dívidas externa e interna e compraram votos para a emenda da reeleição.
03 – Do nosso lado, estão aqueles que acreditam que não existe mudança sem luta política e social, e que é preciso construir um ambiente mais favorável ao avanço das transformações. O governo Lula preparou as condições para o país crescer. Um novo ciclo se abriu, e para que ele prossiga, faz-se necessária uma outra “Carta aos Brasileiros”, que sinalize para a mudança da política econômica, rumo a um projeto de desenvolvimento acelerado, voltado para a produção, a geração de empregos e a distribuição de renda, além da adoção, desde já, de medidas concretas nesta direção. Além disso, impõe-se a continuidade do esforço de integração sul-americana para construir a base de uma alternativa às políticas neoliberais do imperialismo norte-americano. O Partido Comunista do Brasil busca consolidar o núcleo de esquerda que aglutina PT, PSB e PCdoB como base para uma aliança eleitoral ampla, esforçando-se na construção das condições para a repactuação em torno do projeto de mudanças e procurando somar-se mais explicitamente à ala desenvolvimentista do governo.
04 – A situação nacional interfere diretamente na realidade do estado, que é agravada pelas particularidades locais: O PMDB e o PT, que têm certa proximidade em âmbito nacional, aqui são as principais forças que se confrontam. Todas as outras forças políticas gravitam em torno destes partidos. O PMDB, que apresenta o nome de André Puccinelli, em provável aliança, formal ou informal (em “chapa branca”, por conseqüência da verticalização), com PSDB, PFL, PPS e PV, coloca-se com muita força, atingindo elevados índices nas pesquisas de intenção de voto. A este campo é possível que se juntem outros partidos menores. Este bloco daria sustentação à candidatura presidencial dos opositores do governo Lula. O PT apresenta o nome do Senador Delcídio Amaral, que, uma vez confirmadas as alianças com PL, PDT, PTB e PP, partidos que fazem parte do bloco de sustentação do Governo Zeca do PT e, com exceção do PDT, também do governo Lula, ganhará força e competitividade, podendo atrair ainda outras importantes legendas, como PSB, PSL e PMN.

05 – A eleição de Zeca do PT em 1998 representou a abertura de um novo ciclo político em Mato Grosso do Sul, rompendo o monopólio das oligarquias que sempre o governaram. Passados mais de sete anos de seus dois mandatos, avaliamos que o saldo da experiência do Governo Popular é positivo. Apesar das críticas necessárias, grandes avanços foram registrados. A economia cresceu em patamares elevados, foram feitos importantes investimentos em infra-estrutura, políticas de largo alcance social foram implementadas e os servidores públicos não convivem mais com graves problemas que existiam no passado, como os sucessivos atrasos no pagamento dos seus salários. Ao elaborar seu pensamento político para Mato Grosso do Sul, o PCdoB leva em consideração o caminho até aqui percorrido, e se situa entre aqueles que não só defendem a continuidade do projeto de desenvolvimento, mas que querem aprofundá-lo, defendendo para tanto uma política de industrialização de acordo com a vocação do Estado, com geração de empregos para o povo, respeito ao meio-ambiente e promoção da justiça social, o que não será possível se o poderio das forças políticas e econômicas do passado for restaurado em sua plenitude. Os aspectos levantados neste ponto condicionarão a disputa local, que se dará entre dois projetos distintos.

06 – O PCdoB-MS priorizará a atuação junto ao campo das forças progressistas que apóiam os governos Lula para a disputa majoritária (Governo e Senado), visando a unidade de seu núcleo mais avançado e a conformação de uma composição com perfil de centro-esquerda que seja a mais ampla possível. A melhor alternativa para o Partido é somar-se à candidatura do PT ao governo do Estado, integrando a aliança em torno do nome do senador Delcídio Amaral. Entendemos, também, que o PT deve esforçar-se ao máximo para aglutinar PDT, PSB, PL, PTB, PP e outros partidos, inclusive abrindo espaços na composição majoritária da coligação.

07 – No tocante à construção do PCdoB em Mato Grosso do Sul, avanços importantes foram alcançados no último período, desde o desenvolvimento de um pensamento político sobre a realidade do Estado, até o crescimento verificado no contingente militante. Entretanto, não podemos perder de vista que estamos numa fase de implantação da estruturação do Partido – necessitamos consolidar o Comitê Estadual e sua Comissão Política, fortalecer o Comitê de Campo Grande, avançar para termos uma forte interação com os maiores municípios, até conseguirmos chegar a todos os municípios. O PCdoB de Mato Grosso do Sul participará do processo eleitoral apresentando nomes apenas para a disputa proporcional, e se utilizará dele para firmar sua fisionomia política e levá-la para amplos setores do povo sul-mato-grossense, considerando, essencialmente, que nossa realidade atual não nos permite dar condições de competitividade para um grande número de candidatos, seja na estruturação material, seja no acompanhamento e direção política das campanhas. Assim, o conjunto de candidaturas deve expressar a realidade concreta de nossa influência política, base social e eleitoral, além da continuidade da renovação que estamos promovendo no Estado desde 2003.

08 – Atendendo as deliberações da ultima reunião deste Comitê Estadual que definiu a diretriz de reduzir ao máximo o número de pré-candidatos apresentados para debate, esforçando para chegar a um elenco de candidaturas em torno das quais nos concentraremos, desde que atendidos os seguintes pressupostos: a) condições de desenvolverem a campanha tendo como base principal a capital e os grandes municípios; b) perspectiva de, durante a campanha e além dela, constituírem-se em instrumentos a serviço da construção partidária entre setores estratégicos, como o dos trabalhadores e o da juventude; c) aferição de critérios individuais relacionados a potencial eleitoral, inserção social real, capacidade de transmitir a política do PCdoB, compromisso estatutário com a contribuição militante, que deve estar rigorosamente em dia. No quadro atual, os nomes que se apresentam em melhores condições para cumprir estes objetivos estratégicos são os das regiões de Campo Grande, Dourados, Chapadão do Sul e Três Lagoas, quais sejam: Iara Gutierrez Cuellar, como candidata a deputada federal; Erisvaldo Batista Ajala, como candidato a deputado federal ou a estadual; Luiz da Conceição, Orivaldo Ribeiro Mundim (Neto) e Amarildo Moreira da Silva, como candidatos a deputado estadual.

09 – A respeito das perspectivas de coligação proporcional, já realizamos conversações para a troca de opiniões com PT, PMN, PSB e PRP, entre outras agremiações. Diante dos diversos cenários da disputa e dos dados que dispomos, achamos que a melhor definição seria uma aliança proporcional com o PT. Entretanto, depende de avanços nos entendimentos, e de nossa parte deve atender as necessidades de alcançarmos uma votação que resulte numa maior inserção de nossas lideranças nos segmentos estratégicos já estabelecidos nesta resolução e que contribua com a cesta nacional de votos do PCdoB.
Campo Grande, 21 de abril de 2006
Comitê Estadual do Partido Comunista do Brasil de Mato Grosso do Sul (PCdoB/MS)