Plenária dos movimentos sociais conclui o 2º FSB

Destaque neste último dia na programação do FSB, a plenária dos Movimentos Sociais traçou uma agenda comum de lutas para o próximo período, baseado principalmente na luta por um segundo mandato presidencial de continuidade nos program

Sob chuva e aplausos, a segunda edição do Fórum Social Brasileiro chegou ao fim neste domingo (23) em Recife (PE). Todas as atividades do dia ocorreram pela manhã. Na plenária, a CMS formou uma ampla mesa em que foi destacada a importância do papel que os movimentos sociais jogam neste momento pré-eleitoral.
 
Na mesa, Antonio Carlos Spis, secretário de Comunicação da Central Única dos Trabalhadores (CUT); Wander Geraldo, da Confederação Nacional das Associações de Moradias (Conam); João Paulo Rodrigues, da direção do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST); Julia Ruiz Di Giovanni, da Marcha Mundial das Mulheres; Gustavo Petta, presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE); e Jerônimo Silva Júnior, da União de Negros pela Igualdade Racial (Unegro).
 
Antes das exposições, uma sem-terra recitou As Mudas Romperam o Silêncio — poema coletivo em homenagem às mulheres da Via Campesina. Beth Carvalho e Martinho da Vila também marcaram presença entre as personalidades que contribuíram para a elaboração da poesia. 

Spis reiterou a necessidade de Lula mudar o modelo econômico, priorizando investimentos em educação no lugar do pagamento de juros. “O governo poderia dar mais espaço às decisões sociais, como fez no referendo do desarmamento”, afirmou.

Para João Paulo, coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, lembrou os “19 companheiros e heróis” mortos há dez anos no Massacre de Eldorado dos Carajás. A seu pedido, os participantes fizeram um minuto de silêncio em memória aos mártires sem-terra. De acordo com João Paulo, o MST concorda que a luta pelo trabalho e a mudança na política econômica devem ser as principais bandeiras de um trabalho em comum. O dirigente também reclamou da carnavalização do 1° de Maio. “Me parece uma data festiva, com distribuição de brindes. Precisamos deixar a marca dos trabalhadores”.

Classificando a plenária como “espaço mais importante deste Fórum Social Brasileiro”, o presidente da UNE, Gustavo Petta, enfatizou a importância de a CMS se manter autônoma e forte. “Os movimentos devem apresentar um projeto próprio de país, que possa disputar espaço e influenciar mais o segundo mandato do governo Lula”. O papel mais ativo das lideranças femininas foi elogiado por Julia Ruiz Di Giovanni, coordenadora da Marcha Mundial das Mulheres. “Neste Fórum, não comparecemos apenas para ter um espacinho na mesa ou um pedacinho no documento. Queremos pôr em prática nossas reivindicações”, sublinhou.

Wander Geraldo, coordenador da Confederação Nacional das Associações de Moradia, e Jerônimo Silva Júnior, coordenador da União Nacional dos Negros, cobraram mais políticas públicas de inclusão. “O Brasil têm de construir 7 milhões de habitações, melhorar o sistema de transporte e consolidar o SUS (Sistema Único de Saúde)”, declarou Wander. “Faltam políticas que promovam igualdade de condições”, complementou Jerônimo. As duas entidades declararam apoio à reeleição de Lula, apontado por elas como o único candidato sensível às causas populares.

Na continuação da plenária, 20 ativistas se inscreveram para expressar suas últimas palavras do 2º Fórum Social Brasileiro. “Essa plenária simboliza o êxito e a representatividade do Fórum, fechando as atividades com chave de ouro”, opinou João Batista Lemos, coordenador nacional da Corrente Sindical Classista (CSC).

Realizado desde o dia 20 de abril, em Recife — com algumas atividades culturais também na vizinha Olinda —, o Fórum Brasileiro contou com a notável participação de 20 mil pessoas, que representaram quase 400 entidades, em mais de 500 atividades.
 
Vitorioso do começo ao fim, o Fórum mostrou maturidade ao depositar outro voto de confiança no presidente Lula, na luta por um segundo mandato presidencial de continuidade nos programas sociais e mudanças de foco no modelo econômico. Recife abrigou um encontro de primeira-grandeza na história dos movimentos sociais brasileiros.

André Cintra,
enviado especial a Recife (PE)