Renato Rabelo: “PCdoB já decidiu, está com Lula”

"O PCdoB já decidiu, o nosso lado é ao lado de Luiz Inácio Lula da Silva", anunciou nesta sexta-feira (28) o presidente desta agremiação, ao falar como convidado no ato de abertura do 13º Encontro Nac

Ao falar para os 1.200 delegados ao Encontro, Renato Rabelo expôs algumas linhas de conduta do seu partido nesta eleição. "O PCdoB não é a esquerda que a direita gosta; o PCdoB é a esquerda que a direita abomina", comentou, distanciando-se das legendas que se proclamam de esquerda mas atuaram na crise política em unidade de ação com o bloco conservador PFL-PSDB. "Não somos mercadores de ilusões", agregou.

O PCdoB foi o único partido brasileiro a enviar seu presidente para saudar o Encontro petista, enquanto o presidente do PSB, deputado Eduardo Campos, se fez representar por Carlos Siqueira. Ja as delegações estrangeiras somaram 45 representantes de 30 organizações e 16 países — entre eles uma numerosa representação argentina, convidados vindos da China, Itália e Alkemanha — demonstrando o quanto o processo eleitoral brasileiro já desperta interesse no exterior.

"Uma aliança ampla"

O dirigente comunista entrou também no debate sobre as alianças eleitorais,m que deve concentrar as atenções no Encontro do PT. "Nós não confundimos o programa do nosso Partido com um programa de governo. O programa de governo tem que reunir maioria, se não for assim, não tem consequência", observou.

"Queremos dizer para os companheiros do PT: é necessária a nossa unidade para que consigamos ampliar as nossas forças", disse Renato. Ele adefendeu "uma aliança que tenha como núcleo os partidos de esquerda, mas uma aliança ampla, que permita governar o nosso país".

O papel continental do governo Lula

Boa parte da saudação de Renato aos petistas se deteve na política de integração sul-americana conduzida pelo governo federal, em contraste com o "cosmopolitismo de cócoras" praticado pelos neoliberais. Portanto, afirmou, "a vitória de mais um governo Lula vai dar mais perspectiva", enquanto "a nossa derrota seria água fria" para  o movimento de resistência que cresce na América do Sul. Ele fez "uma comparação histórica", situando o governo Vargas como integrador do Estado brasileiro, a administração JK como integradora do país e a gestão atual enquanto integradora do continente. "A singularidade do governo Lula é a integração do continente", enfatizou.

Renato Rabelo, como o presidente da CUT, João Felício, que o antecedeu falando em nome da CMS (Coordenação dos Movimentos Sociais), destacou a reunião de terça-feira passada, entre representantes de entidades de massas e partidos de esquerda. "Estamos preparando uma grande manifestação em meados de junho, para dizer a essa gente que o mandato de Lula é sagrado para o povo". Em outra passagem, referiu-se a "essa gente" como "as forças da direita, essas forças velhacas do nosso país".

Ao mesmo tempo, o dirigente comunista defendeu que "o novo mandato de Lula não é uma simples continuidade". Para ele, "é preciso abrir um novo ciclo de desenvolvimento continuado, com distribuição de renda".

De São Paulo,
Bernardo Joffily