Peemedebista se queixa das indefinições do Partido

O deputado Marcello Siqueira (PMDB-MG) diz que o PMDB é um partido "partido", para justificar as idas-e-vindas da legenda sobre a participação nas eleições deste ano. Ele se queixa das indefiniç&oti

"Se na pré-convenção do próximo dia 13 de maio, que ainda nem foi convocada oficialmente, lembra o parlamentar mineiro, ficar decidido que o PMDB não vai lançar candidatura própria, o partido vai ficar como sempre ficou", avalia. Um grupo apoia o Alckmin, do PSDB, e outro dará sustentação a candidatura à reeleição de Lula. Os apoios ocorreriam sem aliança formal.

Para o parlamentar mineiro, esse é um dos motivos apresentados pelos peemedebistas que não querem candidatura própria, "porque amarra o partido nos estados", explica Siqueira, acrescentando que a verticalização não permite que um partido com candidato próprio à Presidência da República se colige nos estados com outra legenda que também possua candidato próprio. "Eles querem ficar solto", afirmou.

"A outra parte da lógica é participar do governo", analisa o peemedebista.

Nem Lula, nem Alckmin

O parlamentar descartou a possibilidade do vice de Lula ser indicado pelo PMDB, tema que foi discutido em reunião, nesta quarta-feira, entre o ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, e o presidente do PMDB, Michel Temer (SP). E também não acredita que o PMDB vá formar chapa com Alckmin, indicando o candidato a vida na chapa tucana.

Nesse ponto, ele é taxativo: "O que acontecer com Rita Camata (vice de José Serra), em 2002, não vai acontecer novamente, o vice do Alckmin vai ser do PFL".

E também manifesta opinião formada sobre o vice de Lula. Ele acredita que Lula vai manter o José de Alencar, hoje no Partido Republicano Brasileiro (PRB). E explica o porquê: "Ele é de Minas, um homem de bem, respeitado, e o Lula precisa de um nome do Sudeste. Porque de São Paulo para baixo, a situação complica para o Lula", afirmou.

Divisões e subdivisões

Para Marcello Siqueira, "não há "cola" que cole esse partido, está fragmentando e vai continuar fragmentado". Por isso, ele avalia que "mais cedo ou mais tarde, ele se divida", diz. E usa como exemplo o PT, cujos setores que entraram em desacordo dentro do Partido, mudaram-se para o Psol.

A outra possibilidade levantada pelo peemedebista é logo por ele mesmo descartada. "Ou até surgir uma liderança forte, que tenha uma candidatura e ganhe a presidência, ai ele vai começar a se unir, mas nem o Ulisses Guimarães, que era uma liderança forte, conseguiu unir, o PMDB não votou nele; nem o Oreste Quércia (ex-governador de São Paulo e candidato à Presidência da República), o PMDB votou nele", lembra.

O PMDB tem hoje duas correntes que se subdividem. Uma não quer candidatura própria e outra quer. A corrente que quer candidatura própria se subdivide em duas – uma quer Anthony Garotinho (ex-governador do Rio) e outra quer o ex-presidente Itamar Franco.

Posição enfraquecida

Diante do quadro por ele, Marcello Siqueira avalia que "até por causa da greve de fome do Garotinho, que é uma coisa inusitada, está enfraquecida a posição do grupo que quer candidatura própria e fortalecido o outro grupo".

Diante disso, ele diz que "se cai a candidatura própria, o grupo dos defensores vai se dividir em dois grupos – Lula e Alckmin". Ele descarta a possibilidade de apoio aos demais candidatos – Heloísa Helena (Psol), Roberto Freire (PPS) ou Cristovão Buarque (PDT) – "que não vão absorver isso, polarizando ainda mais a candidatura entre PT e PSDB.

Para o parlamentar mineiro, "essas indefinições são muito ruins, inclusive para quem pertence ao PMDB, que fica se desgastando, sem saber o que vai acontecer". Ele reclama ainda da divisão do Partido se refletir nas votações em plenário. "O PT vota unido, o PSDB vota unido, o PFL vota unido. O PMDB vota todo desunido", comenta.

As queixas do parlamentar vão mais além. "Para você vê como o PMDB é complicado, hoje tem gente do PMDB no governo Lula que não apoiou o Lula nas eleições", destacou. Para ele, essa desunião pode ter origem no antigo MDB, o partido de oposição na época da ditadura militar, que abrigava todos os partidos de oposição.
 

De Brasília

Márcia Xavier