EUA interferem no processo eleitoral peruano

Os Estados Unidos negou um pedido de visto para o candidato da coligação Unión pelo Peru (UPP), Ollanta Humala, que planeja um giro internacional que inclui, além dos EUA, a Europa e países latino-americanos.

O ex-ministro peruano de Relações Exteriores Manuel Rodríguez qualificou como contraproducente a negativa de Washington e advertiu que a atitude poderia ser interpretada como uma interferência indevida nas eleições peruanas. “È um assunto que as autoridades norte-americanas terão que explicar pois é uma atitude incomum”, disse o ex-chanceler em declarações a veículos locais da imprensa.

 

Depois que o porta-voz da UPP, Carlos Tapia, fez a denúncia à imprensa, a embaixada dos EUA divulgou um comunicado oficial em que afirma que o candidato pode solicitar novamente um novo visto para viajar. O documento teria sido negado ao tenente-coronel aposentado por supostas razões de procedimento.

 

“A embaixada norte-americana tirou o visto de um candidato à presidência da República. Ele não pode ir aos Estados Unidos porque não tem visto. E isso vem já há algum tempo”, disse Tapia. Para o porta-voz, a decisão foi baseada na participação do irmão de Humala, Antauro, na tomada do Comissariado de Andahuaylas em 2005 e as acusações de ter violado os direitos humanos quando desempenhava a função de capitão na zona de Madre Mia em 1992.

 

A diplomacia norte-americana se negou a responder sobre as razões da negativa e alegou que o visto do ex-militar foi retirado em janeiro do ano passado no contexto do episódio que resultou na morte de quatro policiais.

 

A visita de Humala aos EUA faz parte de um giro que o candidato – com a maior votação no primeiro turno – planeja realizar pela Europa e Uruguai. O governo do presidente George W. Bush, entretanto, tem se pronunciado sucessivas vezes contra a vitória do tenente-coronel, que conta com o apoio dos presidentes venezuelano, Hugo Chávez, e boliviano, Evo Morales.

 

Durante sua campanha eleitoral, Humala tem dado sinais de que contribuirá significativamente no fortalecimento da integração dos países latino-americanos. Hoje, o governo de Alejandro Toledo é um dos aliados do império no continente, junto com os mexicano, Vicente Fox, e o colombiano, Álvaro Uribe.

 

O Peru foi um dos primeiros países da Comunidade Andina de Nações (CAN) a assinar o controverso Tratado de Livre Comércio (TLC) com os EUA. Seguido pela Colômbia e pelo Equador, cujas negociações foram paralisadas recentemente depois de grande pressão popular. Há cerca de um mês, a Venezuela – atual presidente da CAN – questionou a relevância do órgão quando sua função integracionista é secundarizada pelos países membros em detrimento de acordos bilaterais com o império norte-americano.

 

Semana passada, após a troca de ofensas entre o candidato social-democrata – que tem apoio declarado do presidente peruano – e o presidente venezuelano, ambos países anunciaram a retirada de seus embaixadores.

 

Da Redação