Preso paquistanês tenta o suicídio em Guantânamo

Mais um preso tenta cometer o suicídio e denunciar o absurdo que vive na prisão ilegal que o império norte-americano mantém em território cubano. Jumah al-Dossari tentou cortar sua própria garganta. Apesar do governo dos EUA n&a

O comandante da Armada estadunidense, Robert Durand, porta-voz de Guantânamo, disse a jornalistas do seu país que, em 11 de março, havia ocorrido uma tentativa de suicídio no campo e que o detido, cujo nome não foi divulgado, estava clinicamente estável. Ele também revelou que um só preso, que acredita-se seja Jumah al-Dossari, protagonizou 12 das 39 tentativas de suicídio das que se tem notícia em Guantânamo.
 
Al-Dossari, cidadão do Bahreim, foi capturado no Paquistão no final de 2001 e permaneceu várias semanas detido pelas autoridades paquistanesas. Depois, agentes estadunidenses o levaram para a base aérea de Kandahar, no Afeganistão, e de lá para Guantânamo. Jumah al-Dossari afirma ter sido torturado e que as sessões incluíam agressões e ameaças de morte, isolamento prolongado, exposição a um frio extremo e agressões sexuais. Estes métodos são também mencionados nos depoimentos de presos que conseguiram retornar a seus países.
 
Em trecho de um testemunho escrito em julho de 2005, que chegou às mãos da Anistia Internacional, Jumah al-Dossari afirma lembrar das "torturas e dos grosseiros ataques, que eram uma humilhação e continuarão sendo uma repugnante mancha na história. Lembranças que, quando rememoro, fazem me perguntar como meu brando coração pôde suportá-las, como meu corpo pôde suportar a dor da tortura e como minha mente pôde suportar toda essa tensão. Como desejaria poder esquecer minhas lembranças e meus pensamentos!”. O relato na íntegra de Jumah al-Dossari sobre suas experiências pode ser lido, em inglês, em: http://web.amnesty.org/library/Index/ENGAMR511072005.
 
Em 15 de outubro de 2005, Jumah al-Dossari tentou enforcar-se após ir ao banheiro durante uma entrevista com seu advogado. Em novembro de 2005, disse a seu advogado que havia tentado se matar para enviar ao mundo a mensagem de que as condições de Guantânamo são intoleráveis. Acrescentou que tentou fazê-lo de forma pública para que o Exército não pudesse escondê-lo e sua morte não fosse anônima. Em conseqüência dessa tentativa de suicídio, sofreu fratura de uma vértebra e teve que receber 14 pontos de sutura no braço direito.
 
Os primeiros detidos foram levados para Guantânamo em janeiro de 2002, acusados de serem terroristas e de envolvimento com os ataques de 11 de setembro. Cerca 490 homens, de 35 nacionalidades, permanecem detidos lá de maneira ilegal. A maioria não recebe visitas de parentes nem de advogados.  Nenhum julgamento formal foi realizado. Os informes procedentes dos detidos e seus advogados sugerem que muitos foram torturados ou submetidos a outros maus tratos, seja em Guantânamo ou em outros centros de detenção estadunidenses. Muitos tentaram cometer o suicídio e provavelmente os números divulgados não são reais.

 
Da Redação
Com agências