Chile: 600 mil estudantes exigem mudanças na educação

Mais de 600 mil estudantes, apoiados por professores, pais e trabalhadores em geral participaram hoje do maior protesto estudantil que o Chile já viu nos últimos 34 anos. Os estudantes querem que o governo de Michele Bachellet mude a política educacional,

Depois de 16 anos de abandono, o problema chega agora ao governo da presidente, que o movimento estudantil considera paralisado e sem rumo diante da magnitude da crise. O entrave da política educacional seria a Lei Orgânica Constitucional de Ensino (Loce). O movimento exige ainda a gratuidade nas provas para entrar nas universidades e o transporte escolar, assim como modificações substanciais no plano de Jornada Completa de Estudos, que rechaçam tanto alunos como professores.
 

A jornada de protesto nacional, que inclui a paralisação total das aulas e manifestações nas ruas, já havia sido anunciada na semana passada, mas existia a esperança de que o diálogo – interrompido ontem – poderia deter a mobilização. Mas negociações terminaram abruptamente logo depois de ter começado pela ausência do ministro do ramo Martín Zilic e a decisão das autoridades dessa pasta de deixar fora da mesa um elevado número de dirigentes do interior do país.

 

“É uma falta de respeito”, afirmou o porta-voz dos estudantes César Valenzuela ao comentar que o governo não estava de fato aberto ao diálogo. Mas à imprensa, a presidente  Michele desaprovou a atitude dos jovens que teriam feito se perder “uma preciosa oportunidade”.

 

Michele espera consolidar seu amplo apoio com o cumprimento de 36 medidas anunciadas para os primeiros cem dias de governo, uma parte importante já cumprida. Consciente de que isso está em jogo, a presidente assegurou que a interrupção das negociações se tornará uma “tremenda oportunidade” para melhorar a educação. 

 

“Que ninguém duvide: esta presidente vai jogar pela educação”, insistiu, falando durante uma visita a uma comuna de Navidad, cem quilômetros ao Sul de Santiago. Mais tarde, o porta-voz do governo Ricardo Lagos Weber, ratificou que o problema de hoje não significa o fim das negociações. “E um diálogo que continuará mais pra frente”, insistiu. Segundo ele, existe um consenso bastante amplo no interior da coalizão governante sobre a necessidade de melhorar a qualidade da educação.

 

Os dirigentes do movimento estudantil se reuniram na noite de ontem com um grupo de senadores de todos os partidos políticos no ex-Congresso Nacional que buscam contribuir com a busca de uma solução ao conflito, que necessariamente terá que passar pelo Parlamento. Enquanto isso, crescem as vozes que pedem a renúncia do ministro, “para o Chile, o ministro deve renunciar. Moralmente está incapacitado hoje em dia para continuar dirigindo essa pasta”, afirmou o prefeito da comuna popular da Estação Central, Gustavo Hasbún.

 

Amanhã, com o segundo dia da paralisação dos estudantes, pode ser o momento mais tenso a nível educacional desde que está instalada a crise. Segundo Hasbún, o secretário de Estado e sua equipe, incluindo a subsecretária Pilar Romaguera, também devem participar das manifestações.

Da Redação
Com agências