87% dos chilenos apóiam movimento dos estudantes

A mobilização dos estudantes tem o apoio de 87% dos chilenos, segundo uma pesquisa divulgada pelo diário local La Tercera nesta terça-feira (6). Conforme a sondagem, 69% dos entrevistados acham que a crise estudantil “a

Apenas 15% dos chilenos acham que o governo “conduziu bem” a crise. Outros 83% responderam que a concução foi “regular”, “ruim” ou “muito ruim”, informa o jornal. A maioria também “avalia duramente” o ministro da Educação, Martín Zilic, por ter se recusado a dialogar com os jovens enquanto a revolta não transbordou para as ruas.

Recuos do governo

Na luta, os secundaristas do ensino público, apelidados de “pinguins” devido aos uniformes azul-marinho e branco, abriram as conversações. Agora, tentam tornar paritária a comissão que o governo aceitou formar, para estudar a reforma da legislação educacional. O governo insiste em dar-lhes uma participação minoritária.

Enquanto negociam, os estudantes decidiram manter a ocupação das escolas, que prossegue desde terça-feira da semana passada (30/5). Nos estabelecimentos ocupados, eles comem, dormem, debatem intensamente, fazem teatro e música. Uma grande parte do movimento se articula graças aos blogs dos alunos na internet, e também aos celulares.

Diante do maciço apoio da opinião pública aos “pinguins” – que têm de 15 a 18 anos de idade, mas lutam como gente grande –, o governo foi obrigado a aceitar vários pontos da pauta de reivindicações do movimento. Eles conseguiram que 80% dos candidatos sejam do pagamento das matrículas para exames de vestibulares. O passe escolar, gratuito, vai valer para 60%, uma medida que Michelle inicialmente recusou, alegando o alto custo, de US$ 192 milhões.

Os 70 mil alunos de escolas técnicas, quando se formarem,  terão direito a três meses de estágio profissional custeado pelo Estado. Haverá 500 mil merendas escolares a mais. E o governo vai reformar 1.200 escolas públicas, cuja deterioração ficou visível com a imprensa  cobrindo as ocupações.

“Radicais” estudantís… e governamentais

Enquanto colecionam avanços, os jovens da Aces (Assembléia Coordenadora dos Estudantes Secundaristas) têm de segurar os “radicais” – grupos que tendem a erguer barricadas incendiárias e provocar a polícia. Mas o governo também tem os “seus radicais”: nesta quarta-feira, a presidente Michele Bachelet reuniu os seus ministros para lhes dizer que eles não devem “ter medo das mobilizações”.

Michele apresentou-lhes dez orientações. A oitava delas diz que “nem toda reivindicação deve ser vista como um problema, menos ainda se deve ter medo das mobilizações, dos protestos, das diferenças. O que pedimos a todos é que se atue com a cara exposta, o que pedimos é que façam parte da solução e não do problema”.

Zilic deixou a reunião dizendo concordar com a orientação. Já o ministro do Interior, Andrés Zaldívar, voltou a insistit que os secundaristas “estão equivocados” e que “é inaceitável que venham exigir da presidente da República um compromisso assinado”.

Com agências