Operação da PF contra desmatamento faz referência a Chico Mendes

A Polícia Federal prendeu 33 pessoas acusadas de participar de um esquema que promovia o desmatamento e a exploração ilegal de madeira da Amazônia. As prisões fazem parte da Operação Novo Empate, iniciada hoje (9),

A Polícia Federal prendeu 33 pessoas acusadas de participar de um esquema que promovia o desmatamento e a exploração ilegal de madeira da Amazônia. As prisões fazem parte da Operação Novo Empate, iniciada hoje (9), com o objetivo de desarticular uma quadrilha formada por empresários do ramo madeireiro e lobistas que atuavam nos estados do Acre e Rondônia. O esquema contava ainda com a participação de servidores do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Instituto de Meio Ambiente do Acre (Imac).

O nome da operação faz referência à luta histórica do sindicalista Chico Mendes, que morreu assassinado em dezembro de 1988, no Acre. Sua vida foi marcada pela defesa do meio-ambiente e dos povos da floresta.

O "empate" era a forma de luta dos seringueiros para impedir o desmatamento da floresta. A ação, que teve sua primeira organização em 1976, reunia homens, mulheres e até crianças para "convencer" os peões que trabalhavam para os fazendeiros a não desmatar a floresta, porque isso causaria impacto na vida dos trabalhadores. Em troca, ofereciam a eles a associação no trabalho dos seringais.

Para a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, a atual operação da Polícia Federal é mais um aviso de que o governo federal não deixará impune as pessoas que destroem a natureza e significa também uma referência histórica à luta do seringueiro Chico Mendes. "Ela dá margem a toda a luta e o esforço do Chico Mendes e das populações regionais da Amazônia no Acre que começaram a prática dos empates colocando seus próprios corpos em defesa da floresta para evitar às derrubadas. O nome [da operação] está ligado a essa luta, mas só que agora um empate de novo tipo", afirmou.

"Agora, são as instituições públicas, a Polícia Federal, o Ibama, o Ministério Público, enfim, os mecanismos de combate à contravenção que estão fazendo empate das práticas ilegais", completou Marina Silva.

Nona ação

Segundo Marina Silva. essa é a nona grande operação da PF contra crimes ambientais. "A primeira foi a Setembro Negro [realizada em Rondônia no ano de 2003], que deu origem a um novo modo de combate aos crimes ambientais e as ilegalidades na Amazônia", explicou.

"Fazemos primeiro um trabalho de inteligência e investigação, Ibama e Polícia Federal, cada um dentro das suas competências e a partir daí, de fato, temos desconstituído quadrilhas que funcionavam há décadas e outras que foram se organizando e criando novas práticas", disse.

As operações realizadas até agora são: Setembro Negro (Rondônia, 2003), Curupira 1 e 2 (Mato Grosso e Rondônia, 2005), Ouro Verde (Pará, Rondônia, Mato Grosso, Tocantins, Goiás, Maranhã, Rio Grande do Norte, 2005), Rio Pardo (Mato Grosso, 2005), Terra Limpa (Rondônia, 2005), Trinca Ferro (São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Norte, 2005), e Terra do Meio (Pará, 2006). Foram presas 236 pessoas envolvidas, sendo 75 servidores públicos e 161 empresários, madeireiros, despachantes e contadores.

Fonte: Agência Brasil